Festival de Almada

Festival de Almada 2009

O grande palco da inquietação e da interrogação sobre o mundo

A edição de 2009 do Festival de Almada foi marcada por um interesse particular pela América Latina. É de assinalar a presença, pela primeira vez em Portugal, da Volksbühne de Berlim, uma das mais prestigiadas companhias alemãs.
Com um orçamento reduzido, o Festival teve de recorrer à boa vontade de outras companhias e instituições: por exemplo, o Teatro de Sátira de S. Petersburgo só participou nesta edição porque o governo russo tinha, à altura, um programa de internacionalização do seu teatro. As sessões, cujo número desceu consideravelmente (menos 25% em relação a 2008, fixando-se nas 46), foram distribuídas entre Almada e Lisboa. Mais uma vez colocando lado a lado companhias consagradas e outras, em vias de afirmação, o Festival apresentou, com o TNDM II, a primeira edição do ciclo Emergentes, que visava estimular novas linguagens artísticas, o surgimento de novos criadores e a produção de dramaturgias contemporâneas.


Espectáculo de Honra

QUARTO INTERIOR . Circulando

UM FESTIVAL AO SEU DISPOR
Para a Santíssima Trindade do grande teatro alemão estar completa em Portugal, só faltava a vinda de uma companhia: a Volksbühne de Berlim. Depois das estreias da Schaubühne e do Berliner Ensemble, que no ano passado trouxe uma encenação memorável do Peer Gynt por Peter Zadek, o Festival de Almada completa o triângulo com o espectáculo As criadas, uma encenação de Luc Bondy do famoso texto de Jean Genet. E fechado o triângulo, fica claro por que é que Berlim é considerada actualmente como a capital do teatro contemporâneo e de vanguarda.
Ana Dias Ferreira, Time Out, 1 de Julho


Espectáculos

Diálogo de um cão com o seu dono sobre a necessidade de morder os seus amigos, de Jean-Marie Piemme. Encenação de Philippe Sireul. Théâtre National de la Communauté Française – Bélgica

Cortamos e frisamos, de Silvina Ocampo. Encenação de Inés Saavedra. La Maravillosa – Argentina

Compota russa, de Liudmila Ulitskaia. Encenação de Andrzej Bubien. Teatro de Sátira da Ilha Vassilievski – Rússia

Uivos. Encenação de Jesús Peña. Teatro Corsario – Espanha

Flores arrancadas à névoa, de Aristides Vargas. Encenação de Pepe Bablé. Albanta – Espanha

A última noite de Jácome Casanova, de Stefano Massini. Encenação de Mario Mattia Giorgetti. Centro Attori La Contemporanea – Itália

Comédia Mosqueta, de Ruzzante. Encenação de Mário Barradas. Companhia de Teatro de Almada

As criadas, de Jean Genet. Encenação de Luc Bondy. Volksbühne am Rosa-Luxemburg-Platz – Alemanha

Quarto interior. Encenação de André Braga e Cláudia Figueiredo. Circolando

A natureza das coisas, de Lucrécio. Coreografia de Virgilio Sieni. Compagnia Virgilio Sieni – Itália

Vieira da Silva par elle même, de Maria José Paschoal. Encenação de Elisa Lisboa. Grupo Cassefaz

Zerlina, de Hermann Broch. Encenação de Robert Cantarella. Les Acteurs Libres Associés – França

Estudo para uma cidade perfeita. Coreografia de Jean Paul Bucchieri. Oblivion

Deus como paciente, do Conde de Lautréamont. Encenação de Matthias Langhoff. Compagnie Rumpelpumpel – França

Menina Else, de Arthur Schnitzler. Encenação de Christine Laurent. Teatro da Cornucópia

Dezembro. Texto e encenação de Guillermo Calderón. Teatro en El Blanco – Chile

Film noir, de André Murraças. Teatro Nacional D. Maria II

Demo, um musical Praga. Criação colectiva. Teatro Praga

ou/não, de Alan Ayckbourn e Harold Pinter. Encenação colectiva. Tg STAN – Bélgica

Contracções, de Mike Bartlett. Encenação de Solveig Nordlund. Ambar Filmes

Carta aos actores, de Valère Novarina. Encenação de Jorge Silva Melo. Artistas Unidos

Para Louis de Funès, de Valère Novarina. Encenação de Jorge Silva Melo. Artistas Unidos

Charanga. Encenação de André Braga e Cláudia Figueiredo. Circolando

Quarteto para quatro actores, de Boguslaw Schaeffer. Encenação de Jaroslaw Bielski. Companhia de Teatro de Almada

Quatro e trinta, de Cris Wall de Sá. Encenação de Walter Cristóvão. Colectivo Miragens Teatr – Angola

Cahier d’un retour au pays natal, de Aimé Césaire. Encenação de Jacques Martial. Compagnie de la Comédie Noire – França


Ruy de Carvalho

personalidade homenageada
Ruy de Carvalho

O génio artístico de Ruy de Carvalho manifesta-se no palco. Nele, voz e corpo constituem uma identidade, um todo indistinguível. A sua modernidade (nesses tempos em que a minha avidez de ver não dispensava o desenvolvimento do sentido crítico, que é o caldo da aprendizagem) consistia, para mim, numa inabitual sugestão de facilidade, uma serena gestão do tempo, uma elegância de elocução e movimento que o faziam sobressair dos conjuntos. Há actores que só conhecemos no palco, que aí ganham a ‘verdadeira’ personalidade, e por isso nos transmitem uma impressão de verosimilhança das falsas personagens que encarnam. Esse é o caso de Ruy de Carvalho.
Joaquim Benite


Prémio Internacional de Jornalismo Carlos Porto

Em 2009 o Festival de Almada apresentou um total de 26 produções (12 portuguesas e 14 estrangeiras), com nove estreias. Entre os espectáculos de sala, os de rua, os colóquios e as sessões de música na Esplanada da Escola D. António da Costa, registaram-se 25.357 espectadores.


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