Festival de Almada

Festival de Almada 2016

Voltar é o verbo preferido no Festival de Almada

Maria João Caetano, Diário de Notícias, 18 de Junho

A pintora Graça Morais foi a autora do cartaz do 33.º Festival de Almada, realizando uma exposição de pintura na Casa da Cerca e dando continuidade à prática de convidar diferentes artistas plásticos a conceberem os cartazes das várias edições do Festival. Em 2016 a coreógrafa francesa Maguy Marin visitou pela primeira vez Almada, integrando um conjunto de criadores internacionais que incluiu o francês Joël Pommerat e os alemães Falk Richter e Thomas Ostermeier. A divisão dos espectáculos entre Almada e Lisboa voltou a ser maioritária para a cidade da margem esquerda do Tejo: das 29 produções, apenas seis se realizaram em Lisboa. Ricardo Pais foi o responsável pela terceira edição do programa ‘O sentido dos Mestres’, e o país convidado para o ciclo dedicado ao ‘Novíssimo Teatro’ foi a Itália. Em 2016 a CTA realizou uma mostra documental dedicada ao público do Festival, intitulada Todos e cada um. O diário espanhol El Mundo escreveu que “o festival de teatro mais importante de Portugal convoca os gurus contemporâneos e os clássicos lusos”, e a revista La gazette des festivals realçou a “programação ecléctica e exigente”.


Pinóquio, a partir de Carlo Collodi, encenação de Joël Pommerat. Compagnie Louis Brouillard – França

Espectáculo de Honra

UM MUSEU VIVO… Teatro do Vestido

UM MUSEU VIVO DE MEMÓRIAS PEQUENAS E ESQUECIDAS . Teatro do Vestido
Capa da Agenda Cultural de Lisboa

Em 2016 o 33.º Festival de Almada apresentou um total de 29 produções (vinte estrangeiras e nove portuguesas, com quatro criações) em 10 teatros de Almada e Lisboa. No total, registaram-se 83 sessões de teatro, dança, música e teatro de rua, para 33.669 espectadores.

Espectáculos

Concerto sinfónico. Obras de Edvard Grieg, Gaetano Donizetti e Leonard Bernstein. Direcção musical de Jan Wierzba. Orquestra Gulbenkian

Hedda Gabler, de Henrik Ibsen. Encenação de Juni Dahr. Visjoner Teater – Noruega

Pílades, de Pier Paolo Pasolini. Encenação de Ivica Buljan. La Mama Experimental Theatre Club – EUA

Nao d’amores, de Gil Vicente. Encenação de Ana Zamora. Co-produção: Nao d’amores – Espanha / Companhia de Teatro de Almada

May B. Coreografia de Maguy Marin. Compagnie Maguy Marin – França

Um museu vivo de memórias pequenas e esquecidas. Texto e direcção de Joana Craveiro. Teatro do Vestido

Città del Vaticano, de Falk Richter e Nir de Volff. Encenação de Falk Richter. Schauspielhaus Wien – Áustria

Be normal!, de Daniele Villa. Encenação colectiva. Teatro Sotterraneo – Itália

A lição, de Eugène Ionesco. Encenação de Miguel Seabra. Teatro Meridional

As vozes, de Annarita Colucci. Encenação de Roberto Andolfi. Illoco Teatro – Itália

A gaivota, de Anton Tchecov. Encenação de Thomas Ostermeier. Théâtre Vidy-Lausanne – Suíça

Othello, variação para três actores, a partir de Shakespeare. Texto de Olivier Saccomano. Encenação de Nathalie Garraud. Compagnie du Zieu – França

If at all. Coreografia de Rami Be’er. Kibbutz Contemporary Dance Company – Israel

Tandem, de Elena Stancanelli. Encenação de Sabino Civilleri e Manuela Lo Sicco. Associazione Culturale Civilleri/Losicco – Itália

O feio, de Marius von Mayenburg. Encenação de Toni Cafiero. Companhia de Teatro de Almada

Trópico do Mar da Prata. Texto e encenação de Ruben Sabadini. La Carpinteria Teatro – Argentina

Housewife, de Esther Gerritsen. Encenação de Morgane Choupay. Théâtre National de Bruxelles – Bélgica

Homologia, criação colectiva. Encenação de Alessandra Ventrella. Dispensabarzotti – Itália

Susn, de Herbert Achternbusch. Encenação de Thomas Ostermeier. Münchner Kammerspiele – Alemanha

O terror e a miséria (não só) no III Reich, a partir de Bertolt Brecht. Encenação de Jesús García Salgado. Real Escuela Superior de Arte Dramático – Espanha

Graça – suite teatral em três movimentos, a partir de textos de Graça Morais, Antonio Tabucchi e Carlos J. Pessoa. Encenação de Carlos J. Pessoa. Teatro da Garagem

Pinóquio, a partir de Carlo Collodi. Encenação de Joël Pommerat. Compagnie Louis Brouillard – França

Rat. Texto e encenação de Juan Mako. Compañia Otra – Argentina

Hotel Louisiana quarto 58, a partir de Albert Cossery. Encenação de João Samões. Debataberto – Associação Cultural e Artística

Cimbelino, de William Shakespeare. Encenação de António Pires. Teatro do Bairro

A conferência dos pássaros, a partir de Farid Ud-Din Attar. Encenação de Cristian Pepino. Teatrul Tandarica – Roménia

Ricardo III, de William Shakespeare. Encenação de Tónan Quito. Homembala

Thanks for vaselina, de Gabriele Di Luca. Encenação de Gabriele Di Luca, Massimiliano Setti e Alessandro Tedeschi. Carrozzeria Orfeo – Itália

Deixa-me que te baile, de Santiago Lara. Coreografia de Mercedez Ruiz. Compañia Mercedes Ruiz – Espanha


Ricardo Pais

personalidade homenageada
Ricardo Pais

As muitas palavras pronunciadas por Ricardo Pais ao longo de mais de trinta anos parecem ter desempenhado um papel decisivo – juntamente com a evidência das suas criações cénicas – na construção de uma das imagens públicas mais inequivocamente marcantes da paisagem artística nacional. Mais elogiosos ou mais críticos, os títulos de algumas das suas muitas entrevistas são assaz reveladores do tipo muito particular de energia repetidamente transmitido pelo entrevistado. Nos parágrafos introdutórios dessas entrevistas, o criador surge repetidamente apresentado com a mais extraordinária diversidade de atributos, com um destaque muito particular para a energia e determinação, reflectidas numa invulgar velocidade discursiva e numa intensidade de raciocínio tão cativante como perturbadora.
Paulo Eduardo Carvalho


Prémio Internacional de Jornalismo Carlos Porto

GONÇALO FROTA . Público

Entre Ostermeier e Richter,
Almada vai respondendo ao mundo

Dois homens de uma grande instituição berlinense, a Schaubühne, Thomas Ostermeier e Falk Richter, deixarão a sua marca na 33.ª edição do Festival de Almada, que decorre de 4 a 18 de Julho. Há um ano, na apresentação do 32.º Festival de Almada, o encenador Luis Miguel Cintra frisava a oportunidade de aquela programação lhe permitir avançar com um Hamlet de quase quatro horas, em tempos que ameaçam a predisposição do público para se confrontar com peças de teatro de duração superior a uma habitual produção de Hollywood. Aconteceu, no entanto, que o Espectáculo de Honra de 2015, atribuído por votação do público, acabaria por premiar as quatro horas e meia da peça em que Joana Craveiro mergulha nas memórias afectivas dos períodos da ditadura portuguesa e do PREC. Um museu vivo de memórias pequenas e esquecidas, como é da praxe com o Espectáculo de Honra, regressa nesta edição do Festival: estará de 7 a 10 de Julho no Teatro-Estúdio António Assunção, em Almada. O Espectáculo de Honra ajuda também a que o Festival de Almada integre de forma clara um dos desígnios que Rodrigo Francisco, director da Companhia de Teatro de Almada e do evento, elege: “Espero sempre que a cada edição o público do Festival saia daqui com um sentido mais crítico, e se vá formando connosco”, diz ao PÚBLICO. “Não creio que possamos evoluir enquanto Companhia e como Festival se o público não evoluir concomitantemente”.


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