Festival de Almada

Festival de Almada 2005

2005 O Teatro Azul

Em 2005 verificou-se um aumento significativo no número de sessões, que passaram de 45 para 60. Nesse ano foi apresentado um recital no novo Teatro Municipal de Almada (Num bairro moderno, com poemas de Cesário Verde), que entraria em pleno funcionamento no ano seguinte. Este é um ano a assinalar, uma vez que a maioria das sessões (65%) teve lugar em Lisboa. Este aumento no número de equipamentos de acolhimento em Lisboa poderá ser explicado pela exiguidade do orçamento. “Um homem de teatro galego, António Simón, referiu-se ao Festival de Almada como um transatlântico movido a pedais”, escreveu Rodrigo Francisco na revista Sinais de Cena de Julho de 2014 – e, de facto, procurou-se que a falta de apoios, apesar de obrigar à necessidade de critérios de escolha mais exigentes, nunca pusesse em causa a existência do Festival de Almada ou da qualidade dos espectáculos nele apresentados. A nível programático, a XXII edição do Festival deu destaque à poesia e ao texto de autor. Um exemplo é o espectáculo de abertura, Manucure, uma dramatização de João Grosso do poema de Mário de Sá-Carneiro, e Rádio clandestina, de Ascanio Celestini. Mantém-se a multiplicidade de géneros e linguagens teatrais, proporcionando a diferentes segmentos de público o contacto com espectáculos das mais diversas proveniências.


Espectáculo de Honra

HAND MADE – Carlos Martínez

À VOLTA DO TEATRO AZUL
Algum comércio, ao longo da Avenida Egas Moniz, uma vedação com árvores acidentais delimitando a Escola e um conjunto confuso de muros e logradouros a poente, marcavam os limites de um espaço em pendente ligeira, que parava frente a uma pequena rua em impasse. Encarámos o projecto do TMA como um resgate deste sítio banal; um equipamento capaz de completar a cidade, reintroduzindo sentidos, desejos e vontades. Junto à rua, concentrámos elementos susceptíveis de gerar urbanidade: a entrada do Teatro, aberta ao público que chegará do lado do Fórum; a enorme “montra” da livraria animando de luz o meio da fachada; a longa “porta” aberta à escada do Restaurante / Café-Concerto, instalado em cima. Três momentos que se relacionam interiormente mas que “quiseram” vir marcar a recepção diversa que propõem, na memória da animação que o Teatro inaugura (…).
Manuel Graça-Dias


Espectáculos

La rose et la hache, de William Shakespeare / Carmelo Bene. Encenação de Georges Lavaudant. Odéon – Théâtre de l’Europe – França

Ligne de fuite. Texto e encenação de Philippe Genty. Compagnie Philippe Genty – França

Nous étions assis sur le rivage du monde, de José Pliya. Encenação de Denis Marleau. Ubu – Canadá

Ricardo III, de Wiiliam Shakespeare. Encenação de Manuel Guede. Centro Dramático Galego – Espanha

Farsa quixotesca. Texto e encenação de Hugo Possolo. Pia Fraus Teatro – Brasil

Auto de los cuatro tiempos, de Gil Vicente. Encenação de Ana Zamora. Nao d’Amores – Espanha

Hand made. Encenação e produção de Carlos Martinez – Espanha

Radio clandestina. Texto e encenação de Ascanio Celestini. Fabbrica – Itália

Homk Salim, de Abdelkader Alloula. Encenação de Jamil Benhamamouch. Troupe Théâtrale Ibdae – Argélia

11M – voces contra la barbarie, de vários autores. Encenação de Adolfo Simón. Dante Producciones – Espanha

La mirada del avestruz. Coreografia de Tino Fernández. L’Explose – Colômbia

Les voluminaires – futuristik freaks. Encenação de José Maria Silva. Ale Hop Teatro – Espanha

Agatha Christie. Criação colectiva. Teatro Praga

As regras da arte de bem viver na sociedade moderna, de Jean-Luc Lagarce. Encenação de Andreia Bento. Artistas Unidos

Manucure, de Mário de Sá-Carneiro. Produção de João Grosso

Poder, de Nick Dear. Encenação de Joaquim Benite. Companhia de Teatro de Almada

A cadeira, de Edward Bond. Encenação de Luis Miguel Cintra. Teatro da Cornucópia

As montanhas da água lilás, de Pepetela. Encenação de Natália Luiza. Teatro Meridional

Music-hall, de Jean-Luc Lagarce. Encenação de François Berreur. Artistas Unidos

Os guardas do Museu de Bagdad. Texto e encenação de José Peixoto. Teatro dos Aloés

Tão só o fim do mundo, de Jean-Luc Lagarce. Encenação de Alberto Seixas Santos. Artistas Unidos

A cosmética do inimigo, de Amélie Nothomb. Encenação de Rui Sérgio. Efémero

A apologia de Sócrates, de Platão. Encenação de Rogério de Carvalho. ABC.PI

Rainha viva, de Henry de Montherlant. Encenação de Suzana Borges. Produção de António Calpi e Suzana Borges

A cabra, ou quem é Sílvia?, de Edward Albee. Encenação de Álvaro Correia. Comuna – Teatro de Pesquisa

Num bairro moderno, de Cesário Verde. Encenação de Joaquim Benite. Companhia de Teatro de Almada


Artur Ramos

personalidade homenageada
Artur Ramos

Artur Ramos é uma personalidade artística que marcou profundamente a vida cultural portuguesa no século XX. Encenador, cineasta, realizador de televisão, ensaísta, tradutor — nos seus vários papéis foi sempre um intelectual e um artista que procurou fazer avançar as coisas, que estudava e se informava, nas difíceis condições da época que lhe coube viver, e encontrou, ainda, tempo para uma actividade de divulgação que, até hoje, nunca abandonou. Em Artur Ramos o Festival de Almada homenageia um criador, um homem de Cultura, e uma personalidade humanista e tolerante, a quem devemos, todos os que trabalhamos no teatro, um exemplo de qualidade artística, de escrupulosa seriedade e de permanente energia.
Joaquim Benite


in Jornal de Almada, Julho de 2005

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in Captial, 04 Julho de 2005

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