Festival de Almada

Festival de Almada 1997

Fifteen days of sun, fun and new theatre Catherine Cooper, 25 de Setembro de 1997

Philippe Clévenot
Philippe Clévenot em Histoire vécu d’Artaud/Momo.

O ano de 1997 foi particularmente importante para a evolução do Festival – que, na sua XIV edição, alarga pela primeira vez a programação aos palcos de Lisboa. Com efeito, iniciou-se uma colaboração com o Teatro da Trindade, que apresentou Haciendo Lorca, com Núria Espert e Lluis Pasqual. Outra particularidade da programação da XIV edição foi o facto de não ter havido espectáculos sobrepostos, de modo a possibilitar que os espectadores assistissem ao maior número de espectáculos possível. É ainda de referir que, paralelamente ao Festival de Almada, decorria em Cacilhas o Festival X – uma iniciativa de pequenos grupos locais, dedicada sobretudo ao experimentalismo e à performance. Esse evento independente teve o apoio técnico da Companhia de Teatro de Almada. Em entrevista a A Capital (28 de Junho), Joaquim Benite afirma que “gostaríamos que o espaço de Almada se abrisse a todos os grupos que, não estando na programação oficial e aproveitando este período em que a cidade tem as atenções da imprensa, quisessem mostrar e promover o seu trabalho”.


Espectáculo de Honra

SHAMELESS! - Opera Circus
SHAMELESS! – Opera Circus

Espectáculos

Scientimental, de Zumpa & Lallero. Encenação de Beatrice Zuin e Diego Carli. Teatro dell’Angolo – Itália

La noche, de José Saramago. Encenação de Joaquín Vida. Compañía de Joaquín Vida – Espanha

Acordeón vagabond, de Jack Percher. Compagnie Interligne – França

Histoire vécu d’Artaud/Momo, de Artaud e Philippe Clévenot. Encenação de Philippe Clévenot. Théâtre National de Strasbourg – França

Cloud 909. Exponential Aerial Theatre – Grã-Bretanha

Angelitos empantanados, de Andrés Caicedo. Encenação de Cristóbal Pelaez Gonzalez. Teatro Matacandelas – Colômbia

Rise and fall of the male chauvinist pig, de António Ribeiro. Look Aside Production – Grã-Bretanha

Les amoureux du café désert, de Fadhel Jaïbi. Encenação de Fadhel Jaïbi. Familia Productions – Tunísia

Perdida nos Apalaches, de José Sanchis Sinisterra. Encenação de José Sanchis Sinisterra. Companhia de Teatro 3 – Brasil

JDX – Un ennemi du peuple, de Henrik Ibsen. Tg STAN – Bélgica

Hôtel des éphémères, de Anne Sylvestre e Guy Faucon. Encenação de Guy Faucon. La pie rouge – França

Pinocchio, de Carlo Collodi. Criação colectiva. La Troppa – Chile

La gran viuda negra. Teatro Margen – Espanha

El senyor Tornavis, de Vicent Marti Xar. Encenação de Manuel Vilanova e Leandre Escamilla. Xarxa Teatre – Espanha

Shameless!, de David Glass e Paul Sand. Opera Circus – Grã-Bretanha

Homme marteau, de Rian Malan. Encenação de Tone Brulin. Réalizations Nouvelles – Bélgica

Haciendo Lorca. Encenação de Lluis Pasqual. Centro Dramático Nacional / Théâtre de l’Europe – Espanha / França

A nuestro aire. Cambalache – Espanha

Medida por medida, de William Shakespeare. Encenação de João Mota. A Comuna

Ay Carmela!, de José Sanchis Sinisterra. Encenação de Carlos do Rosário. Teatro de Portalegre

Obras completas de William Shakespeare em 97 minutos, de vários autores. Encenação de Juvenal Garcês. Companhia Teatral do Chiado

A cada um o seu problema, de Harold Pinter. Encenação de Rogério de Carvalho. Companhia de Teatro de Almada

Junto ao poço, de Jaime Salazar Sampaio. Encenação de Rui Pinto. Grupo de Intervenção Teatral da Trafaria

Magalhães, de Julio Salvatierra. Encenação de Alvaro Lavín. Teatro Meridional

Viva la vida, de Hélder Costa. Encenação de Hélder Costa. A Barraca

O pedido de emprego, de Michel Vinaver. Encenação de Luís Varela. Centro Dramático de Évora

O carteiro de Neruda, de Antonio Skármeta. Encenação de Joaquim Benite. Companhia de Teatro de Almada

O banho de sangue, de Juan de la Cruz. Encenação de Yolanda Alves. Teatro de Papel.

Uma solidão demasiado ruidosa, de Bohumil Hrabal. Encenação de António Simão. Produção de António Simão

Poetas do último século antes do homem. Fernanda Alves / Festival de Almada / Teatro Nacional D. Maria II

O atroz fim de um sedutor, de Anca Visdei. Encenação de José Peixoto. Teatro da Malaposta

Ki fatxiamu noi kui. Teatro Meridional

Evocações e não só, de vários autores. Encenação de Armando Caldas

D. Quixote, de Yves Jamiaque. Encenação de Carlos Avilez. Teatro Experimental de Cascais

Prometeu, de Jorge Silva Melo. Artistas Unidos

Disrupção, de Alexandre Crespo. Encenação de João Garcia Miguel. Olho

Adiós muchachos, a última noite de Carlos Gardel, de José Jorge Letria. Encenação de André Gago. Produção de André Gago

Xtórias, de Gisela Cañamero. Encenação de Gisela Cañamero. Arte Pública

Vagabundos. Espectáculo cómico-gestual. Encenação de Sergi Lopez. Teatrapo – Espanha

El Avaro, de Molière. Encenação de José Carlos Plaza. Producciones El Brujo – Espanha

Velocicles & Clouns. Espectáculo de rua. Teatrapo – Espanha

Os mais pequenos. Com Milan Vukotik. Festival de Almada


O FESTIVAL E OS JOVENS

Conheço o festival há já dez anos. Fazendo as contas, durante metade da minha vida, o mês de Julho foi  sempre uma festa. Festa na rua, nos cafés, na esplanada, nos bares e nos palcos. Em Julho, Almada enche-se de gente para assistir ao Festival. Mas não se limitam a ver os espectáculos. Convivem, conversam, discutem, namoram, riem e bebem. É vê-los: “Olá, desde o ano passado que não te vejo, pá! Então o que tens feito?” O mais engraçado são as caras. São tantas e no entanto parece que as conheço todas. São caras familiares. Se calhar nunca as vi antes, mas ali, na festa, são caras conhecidas. E o Festival é grande por isso mesmo. É grande porque consegue criar um ambiente de intimidade entre as pessoas, como nunca vi. É grande porque aproxima as pessoas.
Jornal do Festival, Pedro Quaresma, 20 anos de idade.


Fernanda Alves

personalidade homenageada
Fernanda Alves
Fernanda Alves

Fernanda Alves é uma das referências mais importantes do teatro português: dela recordamos muitas personagens, a quem emprestou o seu brilho e talento. Mas talvez não tenha tido o teatro que merece. Como dizia um artista americano do século XIX (Lawrence Barrett), o actor (e a actriz) estão empenhados em esculpir a tempo inteiro uma estátua de neve. Mas na fugacidade da sua arte, que se confunde com o próprio corpo, introduz-se o nosso olhar e a nossa memória de espectadores. E, no que toca a Fernanda Alves, eu gostaria de poder continuar por muito mais tempo a vê-la e a apreciar o seu trabalho nos palcos portugueses: fixando esse labor de escultura no meu olhar e na minha memória.
Maria Helena Serôdio

mostrar mais
Back to top button