Festival de Almada

Festival de Almada 1989

Uma chama na noite escura de Almada Fernando Midões, Diário de Notícias, 14 Julho 1989

Em 1989 os espectáculos distribuíram-se pela Incrível Almadense, pelo antigo TMA e por um novo espaço: o Palácio da Cerca, nos jardins do qual foi instalado um palco para a ocasião (Esplanada da Cerca). Concretizou se pela primeira vez na programação uma diferenciação de preços (para jovens, para assinantes, etc.), o que sugere uma consolidação de públicos do Festival, em especial do público jovem. Juntamente com a Câmara Municipal de Almada, o Festival de Almada tem, como já foi referido, um papel urbanístico e O baile, encenação de Hélder Costa para A Barraca. Fernando Midões, Diário de Notícias, 14 de Julho de 1989. social. À revista Face (6 de Julho), Joaquim Benite afirma que “o acontecimento integra-se numa estratégia de reforma do quotidiano dos subúrbios, que toma como eixo principal a formação de novos públicos, abertos a formas teatrais e de vanguarda. A Festa de Teatro não é uma estrutura de produção teatral, mas de animação social, que prolonga a linha de actuação da CTA (formação de grupos amadores, formação de actores e colaboração com as escolas secundárias da zona).”


Espectáculo de Honra

O TRIUNFO DE ARLEQUIM – Os Scalzacani

Espectáculos

My little country. Texto e encenação de Kasimiers Grochmalski. Teatro Maya – Polónia

Devocionario, a partir de Soror Mariana. Encenação de Etelvino Vázquez. Teatro del Norte – Espanha

O metro da fantasia. Encenação e produção de Peter Roberts – Grã-Bretanha

Riego, de Francisco Prieto Benito. Criação colectiva. Teatro Margen – Espanha

Hamlet, de William Shakespeare. Teatro Anfas – União Soviética

Ópera dos três vinténs, de Bertolt Brecht. Studentina Teatr – Bulgária

O triunfo de Arlequim, de Dima Vezzani. Encenação de Carlo Bozo. Scalzacani – Itália

Hacemos la calle, texto colectivo. Encenação de Rozabel Berrocal. La Gotera – Espanha

Comédia francesa, a partir de Labiche e Feydeau. Encenação de Armando Caldas. Intervalo – Grupo de Teatro

O baile, de Ettore Scola. Encenação de Hélder Costa. A Barraca

Barnum, de vários autores. Encenação de José Gil. Marionetas de São Lourenço

O marido ausente, de Norberto Ávila. Encenação de Augusto Tello. Teatro de Portalegre

Estilhaços, de Mário de Carvalho. Encenação de João Brites. O Bando

O casamento, de Gogol. Encenação de Joaquim Benite. Companhia de Teatro do Ribatejo

Todos os anos o mesmo, a partir de Eduardo de Filippo. Encenação de Figueira Cid. Centro Cultural de Évora

Marco Milhão, de Eugene O’Neill. Encenação de Joaquim Benite. Companhia de Teatro de Almada

Excertos de As Guerras de Alecrim e Mangerona e de O tanoeiro. Companhia de Ópera de Câmara Real do Theatro de Queluz.

Concerto Sinfónico. Orquestra Gulbenkian


A CMA disponibilizou uma verba de 5.000 contos para a organização do Festival que, este ano, pela primeira vez, contou com um subsídio de 1.300 contos da SEC.


PROVAR QUE HÁ PÚBLICO PARA O TEATRO

Não creio que seja absolutamente necessário desenrolar aqui a meada desta festa e repetir o já dito de cada um dos 17 espectáculos apresentados. Fazer a estatística “bom versus mau” parece-me redutor. Houve, inevitavelmente, bons e maus momentos, e a única constante determinante foi, de facto, o público. Almada comprovou que há público para o teatro, seja ele qual for, e mostrou também a responsabilidade que este festival tem de assumir, dando ao seu público cada vez melhor teatro.
Diário Popular, 19 de Julho 1989

De uma forma muito frequente a imprensa também vem sublinhando a evolução do Festival no sentido da internacionalização da sua programação. Esta questão aparece muitas vezes relacionada com a integração do  Festival no circuito internacional dos festivais de teatro (veja-se Avignon). Quanto à outra alteração do Festival, no que se refere ao elenco de grupos presentes, o reforço da referida internacionalização é nele o seu traço mais marcante.
Carlos Porto, Diário de Lisboa, 13 de Julho 1989


António Magalhães

personalidade homenageada
António Magalhães

Depois de Eunice Muñoz, Assis Pacheco, Luzia Maria Martins e Luiz Francisco Rebello, cabe a vez de homenagear o público, na pessoa do seu digno representante que é António Magalhães. Mas porquê esta homenagem? É óbvio que sem o público o teatro não tem razão de ser, pois, como ser vivo que é, necessita de outro corpo vivo que o oiça, veja e absorva. Numa palavra, que lhe dê a vida que ele próprio pretende transmitir, cumprindo-se assim a lei primeira da sua presença como vaso comunicante. Pois bem, António Magalhães vai ser esse rosto. E afirmamos que ninguém melhor do que ele, pela sua constância de espectador ao longo de mais de meio século, pela colaboração que tem prestado a grupos profissionais de teatro, pela sua vocação de coleccionador de tudo o que diz respeito à cena – lembre-se que em data recente ofereceu toda a sua colecção de programas, jornais, postais e livros ao Museu Nacional do Teatro – merece, e nos honra, por aceitar a homenagem que hoje lhe oferecemos.


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