Festival de Almada

Festival de Almada 1998

A dimensão poética de Almada Manuel João Gomes, Público, 20 de Julho de 1998

Na sua XV edição o Festival realizou 52 sessões. No que concerne à programação, o Festival manteve-se fiel ao seu princípio: em entrevista a O Independente (19 de Junho), Joaquim Benite afirmou que “não há propriamente critérios estéticos envolvidos. Este Festival pretende ser antes um local de cruzamento de várias estéticas, sem que nenhuma predomine. O principal critério aqui pretendido é a formação do público, o confronto de experiências, criar pontes de 1998 discussão e de reflexão sobre o teatro”. É importante ter em conta que este foi o ano de realização da Expo 98, um evento que emudeceu grande parte das iniciativas culturais em Lisboa. No entanto, o Festival garantiu a afluência de público através da aposta num dos maiores nomes da actualidade teatral: Peter Brook trouxe ao Teatro da Trindade Je suis un phénomène. O aumento do público, em particular do público jovem, foi motivo de orgulho.


Espectáculo de Honra

ÑAQUE - Teatro Meridional
ÑAQUE – Teatro Meridional

Espectáculos

Je suis un phénomène, de Marie Hélène Estienne e Peter Brook. Encenação de Peter Brook. Théâtre des Bouffes du Nord – França

Abjater, de Wilma Stockenstrom. Encenação de Tone Brulin. Réalisations Nouvelles – Bélgica

Money, a partir de Bertolt Brecht. Encenação de Theodoros Terzopoulos. Attis Theatre – Grécia

Paris-Berlin-New York, a partir de Bertolt Brecht. Produção de Hélène Delavault – França

The shoemaker’s prodigious wife, de Federico García Lorca. Encenação de Andrew Pratt. Absolute Theatre – Grã-Bretanha

La casa de Bernarda Alba, de Federico García Lorca. Encenação de Juan Carlos Caballero. Territorio de Nuevos Tiempos – Espanha

Cuando la vida eterna se acabe, de Eusebio Calonge. Encenação de Paco de la Zaranda. La Zaranda – Espanha

Clasyclos, de vários autores. Encenação de Juan Margallo. Uroc Teatro – Espanha

O carteiro e o poeta, de Antonio Skármeta. Encenação de Aderbal Freire Filho. Caravana Produções – Brasil

Viaje al cientro de la Tierra, de Júlio Verne. Criação colectiva. La Troppa – Chile.

Yesterday we will. Tg STAN – Bélgica

Vampyria, de Jesus Peña. Encenação de Jesus Peña. Teatro Corsário – Espanha

Fausto, de vários autores. Encenação de Fernando J. Renjifo. La Republica – Espanha

Pedro y el capitán, de Mario Benedetti. Encenação de Francisco Carrillo. Teatro del Noctámbulo – Espanha

Le Téa. Texto e encenação de Mohamed Ammousch. Les moumouches brozeurs – França

Sequeira, Luís Lopes ou o mulato dos prodígios, de Mena Abrantes. Encenação de Ruy Carvalho. Elinga Teatro – Angola

Enesimo viaje al Eldorado. Teatro Guirigay – Espanha

Medeia, a estrangeira, de Willy Kirklund. Encenação de Jorge Listopad. Companhia de Teatro de Almada

Aos que nascerem depois de nós, a partir de Bertolt Brecht. Encenação de Jorge Silva Melo. Artistas Unidos

E de que vive o homem?, a partir de Bertolt Brecht. Encenação de João Lourenço. Novo Grupo

Recital Brecht. Produção de Luís Madureira

A boda dos pequenos burgueses, de Bertolt Brecht. Encenação de Rui Sena. Teatro das Beiras

A ronda dos meninos, de vários autores. Encenação de Jorge Listopad. Teatro da Universidade Técnica

Recital Lorca. Produção de Luís Madureira e Luis Miguel Cintra

Obscuro amor, a partir de Federico García Lorca. Encenação de Adolfo Simón. Companhia de Teatro de Sintra

O público, de Federico García Lorca. Encenação de Pedro-Alvarez Ossorio. Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa

Amor de Dom Perlimplim com Belisa em seu jardim, de Federico García Lorca. Encenação de Joaquim Benite. Companhia de Teatro de Almada

O fidalgo aprendiz, de D. Francisco Manuel de Melo. Encenação de João Mota. A Comuna

Comédia de enganos, de William Shakespeare. Encenação de Claudio Hochman. Teatro da Trindade

Desertos, de Carlos J. Pessoa. Encenação de Carlos J. Pessoa. Teatro da Garagem

Ñaque, de José Sanchis Sinisterra. Teatro Meridional

O príncipe de Spandau, de Hélder Costa. Encenação de Hélder Costa. A Barraca

Ay Carmela!, de José Sanchis Sinisterra. Encenação de Alberto Bokos. Seiva Trupe

O marinheiro, de Fernando Pessoa. Encenação de Pedro Raposo. A Lente – Teatro de Aumentar

Frida e a casa azul, de José Jorge Letria. Encenação de Luzia Maria Martins. Teatro Nacional D. Maria II

Nocturno, de vários autores. Encenação de Filipe Pereira. ACTO

João Gabriel Borkman, de Henrik Ibsen. Encenação de Armando Caldas. Intervalo – Grupo de Teatro

Cantoluso. Coreografias de David Fielding, Rui Lopes Graça e Armando Maciel. Companhia Nacional de Bailado


UM BEM COLECTIVO

“O Festival de Almada pode considerar-se um bem colectivo, uma experiência que se vai aprofundando com os anos, no que se refere à qualidade do evento, à organização e ao público cada vez mais numeroso”. Estas palavras, de um diário italiano, definem a imagem que o Festival tem, neste momento, no estrangeiro. Enviados especiais de orgãos de comunicação de Espanha, França, Itália, Inglaterra, Brasil, Colômbia, Bélgica, etc. divulgaram por todo o mundo o espírito do Festival, a sua realidade, e tornaram Almada uma cidade conhecida no roteiro cultural internacional.
Panfleto de venda de Assinaturas

O Festival de Almada de 98, um acontecimento cuja maturidade e interesse o Ministério da Cultura reconheceu, finalmente, ao transformar-se no seu primeiro financiador (logo seguido pela CMA, pela Região de Turismo e, ainda que noutro plano, pela Fundação Gulbenkian), continua a oferecer ao seu público, graças ao convívio que propicia e à festa que promove, uma das mais cativantes e adequadas formas de apelo e promoção do teatro no nosso país.
Expresso, 11 de Julho


Maria Germana Tânger

personalidade homenageada
Maria Germana Tânger
Maria Germana Tânger

Maria Germana Tânger é a figura homenageada pelo Festival em 1998. À galeria dos anualmente distinguidos faltava quem representasse o ensino da técnica teatral, sem a qual o teatro não poderia subsistir nem aperfeiçoar-se. Poucas pessoas como Maria Germana Tânger (responsável pela formação de centenas de actores na área da expressão vocal) simbolizariam melhor o professor como o idealizamos: sabedor e rigoroso, exigente e sensível, consciente do seu melindroso papel e da sua responsabilidade. Por essas qualidades Maria Germana se tornou referência de várias gerações de actores e ganhou o respeito e a estima do meio teatral português.


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