Actos Complementares

  • OLGA RORIZ

    O SENTIDO DOS MESTRES
    Apoio: Share Foundation
    Olga Roriz (c) Estelle Valente
    Olga Roriz (c) Estelle Valente

    Acoreógrafa e bailarina Olga Roriz (biografia na pág. 47) será a próxima responsável pelo curso de formação O sentido dos Mestres, que o Festival de Almada organiza desde 2013 em colaboração com a Share Foundation. Olga Roriz sucede a criadores como Luis Miguel Cintra, Peter Stein, Ricardo Pais e Juni Dahr, na direcção destas formações destinadas a profissionais e estudantes das artes do espectáculo, mas também ao público. O programa O sentido dos Mestres assenta na partilha das experiências de criadores com um percurso artístico reconhecido, no sentido de dotar as gerações vindouras de conhecimentos que possam contribuir para o desenvolvimento das suas carreiras. Para Olga Roriz, as sessões que decorrerão a partir das 15h00 nos dias 9, 11 e 12 de Julho na Casa da Cerca, em Almada, constituirão uma forma de expor “o meu sentir ao longo de uma vida dedicada a interpretar e criar a minha dança”, com um espaço dedicado à “dramaturgia da dança: tempo, espaço, som e voz”. A coordenação das sessões estará a cargo da jornalista Cláudia Galhós.


    Seg. 09 de Julho

    A formação
    1. O percurso de Olga Roriz
    2. A importância do domínio de várias técnicas
    3. As dualidades que se contaminam: bailarino/intérprete/actor
    4. Dominar o passado para criar o futuro

    Qua. 11 de Julho

    A criação
    1. Temas e projectos
    2. A pesquisa criativa
    3. Delinear aproximações
    4. A improvisação

    Qui. 12 de Julho

    A dança
    1. Ambiguidade, paradoxo, ficção e real
    2. A eloquência e o erotismo do corpo
    3. As moradas do bailarino

    A dramaturgia na dança
    1. Texto e voz
    2. A noção de ‘tempo’/Banda sonora/Sons
    3. O espaço e o enquadramento/Espaço cénico/Figurinos
    4. Alinhamento e composição

    CASA DA CERCA – CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA

    A inscrição no curso faz-se mediante o envio de CV e carta de motivação para [email protected]
    e tem um custo de 20€ (10€ para Assinantes do Festival).

  • O POMAR DAS ROMÃNZEIRAS
    para Yvette Centeno

    EXPOSIÇÃO DE HOMENAGEM
    Concepção de José Manuel Castanheira

    Nas conversas com Yvette Centeno fico mais nos silêncios do que na música das palavras.
    Sinto que para dialogar com Y.C. seria melhor esboçar desenhos azuis a desvanecer.
    Para este desafio de evocar Y.C. pensei num jardim oculto, num pequeno pátio acolhedor atapetado de palavras riscadas nas paredes e nos muros ou talvez apenas sussuradas entre as árvores.
    Nesse jardim, a que vou chamar pomar, hão-de estar guardadas as romãs vermelhas que trago comigo desde o quintal de infância, ou as que muito absorvi da velha Istambul, cidade onde selei cumplicidade com Pamuk. As romãzeiras hão-de falar do Cântico dos Cânticos, do corpo da Sulamita e novamente de Orhan Pamuk nos Jardins da Memória.
    Talvez porque Yvette Centeno possa simplesmente traduzir-se por “um inspirado mestre”, propositadamente assim em masculino, ampliando o sentido pleno de quem toda a vida ensinou, mestre de mil inspirações como a romã dos seus grãos-rubis.
    Foi Alberto Pimenta quem me falou primeiro de Y.C. para mais tarde descobrir a enorme cumplicidade entre ambos. Ela própria escreveria a propósito de outro cúmplice, Herberto Helder, “já depois da Revolução de Abril, era com o Alberto Pimenta, outro poeta, um amigo de sempre, que se discutia o interesse da tão aguardada nova escrita: escassa e rara, fazia-se politiquice, não se lia, o mundo lá fora pouco ou nada existia e era assim que o poeta entristecia”.
    Neste novo pomar, esperarei pela sua chegada. E à entrada, numa qualquer pedra filosofal estarão gravadas as suas palavras: “Chegaste / com a tua tesoura de jardineiro / e começaste a cortar: / umas folhas aqui e ali / uns ramos / que não doeram… / Eu estava desprevenida / quando arrancaste a raiz”.

    José Manuel Castanheira

    Yette Kace Centeno nasceu em Lisboa, em 1940. Concluiu a licenciatura em Filologia Germânica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e o doutoramento em Letras na Universidade Nova de Lisboa. A partir de 1986 tornou-se Professora Catedrática nesta instituição, nela fundando um centro de estudos dedicado ao Imaginário Literário. É autora de títulos de ficção, poesia, teatro, ensaio e literatura infanto-juvenil. Para a Companhia de Teatro de Almada, destacam-se, por exemplo, as suas traduções de Shakespeare

    (Othello e Timão de Atenas), Lessing (Nathan, o sábio) e Brecht (A mãe e os poemas de Canções de Brecht). Foi nomeada Chevalier dans l’Ordre des Palmes Académiques em 1987, pelo governo francês, e condecorada pelo Presidente da República Federal da Alemanha com a Verdienstkreuz I. Klasse em 1994. Aposentada do ensino desde 2009, continua a colaborar regularmente com a Fundação Calouste Gulbenkian, e mantém o blogue de divulgação cultural Literatura e Arte.

     

    ALMADA

    ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA – Átrio

    De 04 a 18 JUL

    das 15:00 às 24:00


  • VELHO SOL

    EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS
    De Paulo Brighenti

    Num poema de Emily Dickinson intitulado I died for Beautybut was scarce, dois mortos encontram-se lado a lado e perguntam-se porque falharam. Um responde: “Eu morri pela beleza” e o outro “eu morri pela verdade”. Deram as mãos e esperaram que o musgo lhes tapasse a boca. Este poema serve de inspiração à nova série de trabalhos de Paulo Brighenti apresentada na exposição Velho Sol. Falam da condição de ser artista, de criar. De viver entre a necessidade de beleza e de verdade. Uma preocupação que vem de um pintor mas que facilmente pode ser transportada para o universo do teatro. Vive-se num limiar entre mundos, numa encenação constante, e é exatamente nessa fronteira que o pulsar criativo emerge (ou morre). Como um Velho Sol que nunca se cansa de subir ao palco, de iluminar, de se iluminar, para se escurecer de seguida, e assim até ao fim do tempo.
    É também da luz que trata a obra de Brighenti. De trazer à luz o que estava escondido. Uma procura incessante por algo que está para além da superfície de uma tela, de uma folha de papel, ou de uma placa de gesso, através de um explorar dos limites não só do material, mas do próprio médium que trabalha.
    Nesta exposição, apresenta uma série de desenhos que são pinturas mas também são esculturas. Placas de gesso tintado com inscrições escavadas no molde feito de barro. Molde esse que morre para que a obra possa nascer. Apresenta ainda uma grande tela que norteia a exposição, bem como um conjunto de figuras escultóricas que povoam vários espaços da Casa da Cerca.

    Filipa Oliveira
    Programadora para as Artes Plásticas da Câmara Municipal de Almada

    Paulo Brighenti nasceu em Lisboa, em 1968. Expõe desde a década de 1990 e, em 2002, foi distinguido com o Prémio Revelação Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva. Entre as suas exposições mais recentes destacam-se Noite de Pedra (2018), na Galeria Baginski, em Lisboa; Germinal, Obras na Coleção EDP (2018), nas Galerias Municipais do Porto; Obras na Coleção da CML (2018), na Cordoaria Nacional; O que eu sou (2017), no MAAT, em Lisboa; Père (2017), no Centro Cultural Português, no Luxemburgo;

    Pai (2017), na Travessa da Ermida, em Lisboa; Let the dirt fall, let heads roll (2016), na Galeria Pedro Oliveira, no Porto; Família (2016), na Galeria Baginski, em Lisboa; e Skiin (2015), na Nässjö Konsthall, na Suécia. Está representado nas colecções Museu de Serralves, MAAT, CAM / Calouste Gulbenkian, Banco de España, CGAC, Colecção António Cachola, Fundação Carmona e Costa, Colecção PLMJ, Fundação Ilídio Pinho e Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva.

     

    ALMADA

    CASA DA CERCA
    CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA

    De 15 JUN a 02 SET

    TER a DOM das 10:00 às 18:00

    Encerra às Segundas e feriados


  • CTA: 40 ANOS EM ALMADA
    Parte III: A Festa

    EXPOSIÇÃO DOCUMENTAL
    Concepção de José Manuel Castanheira

    Ao longo do tempo uma espécie de poeira invade a memória e infiltra-se por todo o lado, pelas fissuras e pelas janelas da mente. Chamam-lhe esquecimento.
    Relembrar histórias, lugares, pessoas, pode por instantes anular e enfrentar essa força do tempo apagador.
    Esta revisitação dos 40 anos da Companhia de Teatro de Almada é feita em quatro andamentos. O primeiro, SONHAR, opera uma metamorfose do átrio do Teatro Azul alterando temporariamente a arquitectura, instalando uma espécie de deambulatório uterino, com reminiscências de Richard Serra, a partir do traço gestual de Pedro Calapez no pano de boca do teatro. Tudo para um exercício de voyeurismo em micro teatros sobre esses primeiros espectáculos.
    PLANTAR é o título do segundo andamento, uma gigante biblioteca, um arquivo vivo de todos os que fizeram a história da companhia, autores, actores, criativos e técnicos, atmosfera que fui beber a Jorge Luís Borges e também ao imaginário “arquivista” de Schuiten/Peters.
    O terceiro andamento, que agora vos proponho e que designo por A FESTA, evoca a história do Festival Internacional de Teatro, inventando um lugar para um acidental banquete com trinta e cinco convidados (tantos quantos os anos do festival). Salão para a festa todos os anos renovada e partilhada por milhares de pessoas, público, criadores e técnicos, salão inesperadamente vazio mas que podemos percorrer por uma vereda (ou carreiro), e perscrutar a vontade e a tenacidade de quem não desiste de lutar contra o vento. Lugar de um inesperado vazio, ainda à espera dos convidados ou subitamente abandonado. Uma coisa ou outra. Não sabemos qual! Lugar onde alguns tentam reconstruir histórias e outros, inquietos, abalam em busca das coisas perdidas; outros ainda, mais determinados, que recusam essa força obscura do tempo apagador.
    E por fim, em Outubro, virá o quarto andamento e último desta tetralogia, a VIAGEM, para contar a história do novo Teatro Azul, e o tempo mais recente, onde a Companhia de Teatro de Almada prossegue um longo caminho consolidado.

    José Manuel Castanheira
    ALMADA

    ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA
    Sala Polivalente

    De 04 a 18 JUL

    das 15:00 às 24:00


  • COLÓQUIOS

    COLÓQUIOS NA EXPLANADA
    Em parceria com a Associação Portuguesa de Críticos de Teatro

     

    Os Colóquios na Esplanada são uma das mais antigas práticas do Festival de Almada: um momento de encontro entre o público e os criadores que nos visitam. Ao final da tarde, na Esplanada da Escola D. António da Costa, as conversas entre os artistas e os espectadores serão animadas por um conjunto de críticos de teatro portugueses.

     

    Sexta 06 de Julho às 17h

    Nuno M Cardoso (encenador de Lulu)
    Moderação: Jorge Louraço

     

    Segunda 09 de Julho às 18h

    Viviane De Muynck (protagonista de O quarto de Isabella)
    Moderação: João Carneiro

     

    Terça 10 de Julho às 18h
    Jean Bellorini (encenador de Liliom)
    Moderação: Gonçalo Frota

     

    Quinta 12 de Julho às 18h
    Ivica Buljan (encenador de Final do amor)
    Moderação: Emília Costa

     

    Sexta 13 de Julho às 18h
    António Pires, Luís Lima Barreto e Fátima Ferreira
    (encenador e tradutores de Colónia penal)
    Moderação: Rita Martins

     

    Segunda 16 de Julho às 18h
    Emmanuel Demarcy-Mota (encenador de Estado de sítio)
    Moderação: Maria João Brilhante

     

    Terça 17 de Julho às 18h
    Natália Luiza (protagonista de Carmen)
    Moderação: Paula Magalhães

     

     

    ALMADA

    EXPLANADA DA ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA


  • SOB O SIGNO DA CATÁSTROFE
    (Ecologia e política do nosso tempo)

    ENCONTROS DA CERCA
    Participantes: Frédéric Neyrat, Giovanbattista Tusa e António Guerreiro

    Acatástrofe como realidade e como possibilidade marca poderosamente a situação do nosso tempo. São de vária ordem as catástrofes que nos atingem ou ensombram toda a ideia de futuro: catástrofes ecológicas, económicas, políticas e provocadas pelo terrorismo. De todas estas, as catástrofes ecológicas são aquelas que mais identificamos com as nossas visões apocalípticas e com um imaginário dos fins. Há quem assegure que estamos em plena sexta extinção em massa da história da Terra; e quem já comece a pensar que o resultado da pulsão destruidora do mundo é, afinal, um mundo sem nós, o desaparecimento da humanidade. A proliferação real e imaginária da catástrofe determinou uma resposta política que o filósofo francês Frédéric Neyrat (convidado no âmbito do Festival para um debate sobre questões de ecologia política) definiu como “biopolítica das catástrofes”, que se tornou uma forma de governação própria de uma “sociedade do risco” e do medo. Este tema suscita um conjunto de questões ecopolíticas, assim como uma incidência nas relações homem / tecnologia e natureza / cultura que fazem apelo às categorias de pós-humanismo e trans-humanismo. Estamos aqui confrontados com algumas questões centrais da nossa época.


    O filósofo francês Frédéric Neyrat é professor no Departamento de Literatura Comparada da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA). Membro do conselho editorial das revistas francesas Multitudes e Lignes, é um dos autores mais importantes sobre as questões do ambiente e da ecologia, na sua dimensão política e filosófica. Entre os seus livros, contam-se os seguintes títulos: Biopolitique des catastrophes (2008), Le terrorisme, un concept piégé (2011), Homo Labyrinthus. Humanisme, antihumanaisme e posthumanisme (2015) e La part inconstructible de la Terre (2016).

    O filósofo italiano Giovanbattista Tusa é actualmente Research Fellow da Fundação para a Ciência e a Tecnologia no Instituto de Filosofia da Nova de Lisboa. Foi director do Institute for Critical Media do Global Center for Advanced Studies (EUA) e professor convidado em várias instituições europeias e americanas. É também realizador de cinema documental e vídeo-artista.

    É co-autor, com Alain Badiou, de De la fin. Foi responsável pela edição italiana de L’Equivalenza delle catastrofi (2016), de Jean-Luc Nancy, e de Alla ricerca del reale perduto (2016), de Alain Badiou, entre outros títulos.

    Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (Português/Francês), António Guerreiro é crítico literário e cronista do jornal Público e professor convidado na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Enquanto ensaísta, é autor de O Acento Agudo do Presente (2000) e de O Demónio das Imagens. Sobre Aby Warburg (2018). Editou, com Olga Pombo e António Franco Alexandre, os volumes colectivos Enciclopédia e Hipertexto (2006) e Da Civilização da Palavra à Civilização da Imagem (2013). Tem colaboração diversa em revistas especializadas e catálogos, sobretudo no âmbito da literatura portuguesa contemporânea, da Estética, da arte contemporânea e da crítica cultural. Actualmente é editor da revista Electra (Fundação EDP).

    ALMADA

    CASA DA CERCA
    CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA

    SÁB 14

    10:30


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