Exposição fotográfica
Alter Orbis
De João Tuna
Assim como existem diversos modos de fazer teatro existem diversos modos de fotografar teatro. A cor ou a preto e branco, em palco junto dos actores ou a partir da plateia, quebrando ou respeitando a quarta parede, compondo o “momento” ou não interferindo na cena, utilizando o detalhe ou os planos largos, criando um ponto de vista invulgar, um momento invulgar. Em Alter Orbis – um final abrupto para a existência mortal seguida da entrada para “outro mundo” – João Tuna dá a conhecer um conjunto de fotografias feitas a partir da cena, mas já não “fotografia de cena”. Um lugar onde o fotógrafo pisa o palco, onde o “gráfico” ganha preponderância, onde a cor é substituída por um preto e branco infravermelho com um preto tão denso quanto o preto do texto.
João Tuna colabora com o Teatro Nacional São João desde 1996. Em conjunto com o Centro de Edições do teatro, produziu um enorme corpus de materiais gráficos onde a fotografia é determinante e de que fazem parte programas, cadernos de programação, folhas de sala, cartazes, telões, capas de livros, livros…
Entre 2003 e 2012 o Manual de Leitura (programa de sala das produções TNSJ) toma a forma de jornal, e assim são publicadas fotografias de grande dimensão – próximo do formato 30X40 cm – onde a representação da cena é formal. Cor, ponto de vista no eixo do lugar de trabalho do encenador, e o cuidado para que o desenho de luz, cenografia, figurinos, trabalho de actor e a encenação sejam representados de acordo com o conceito dos seus autores. Em 2012, em resultado da necessidade de reformular o conceito dos Manuais de Leitura, é adoptado um formato mais pequeno – 16X23 cm aproximadamente -, um objecto próximo do livro tanto no formato como no desenho gráfico, páginas de texto preto interrompidas por uma fotografia. Apercebemo-nos então de que estas fotografias, que vão romper a rotina gráfica do texto, não poderiam ser fotografias de cena “formais”: as fotografias devem acompanhar o novo desenho gráfico e aproximarem-se da ideia de “livro”. Mas ainda assim “fotografia de cena”, quer dizer, “fotografia feita a partir da cena”.
Fotógrafo e realizador, João Tuna estudou fotografia, cinema e dramaturgia na escola artística António Arroio, na Escola Superior de Teatro e Cinema e na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Com os mestres António Mercado e Jean-Pierre Sarrazac aprendeu escrita dramática. Iniciou em 1990 o seu percurso na área da fotografia, dedicando-se em exclusivo ao retrato e à fotografia de cena para teatro ou cinema. Realizou várias curtas-metragens, filmes institucionais e versões-filme de espectáculos de teatro. A sua primeira peça publicada, Dorme devagar, estreou em Paris com o título Dort doucement (2000). Em 2012 foi distinguido pela Associação
Portuguesa de Críticos de Teatro pela sua carreira enquanto fotógrafo de teatro.
ALMADA
Teatro Municipal Joaquim Benite . Galeria de Exposições
De 05 a 18 JUL |
das 12:00 às 21:30 |