36º Festival AlmadaActos Complementares

O gabinete optimista

“PARA CARLOS AVILEZ”
Concepção de José Manuel Castanheira

EXPOSIÇÃO DE HOMENAGEM

 

(…Parmi toutes les machines élémentaires qui font le théâtre dans sa
nature primitive, il y en a une – entre le plan incliné et la scène italienne
– que je n’avais pas songé encore à nommer: la machine de solitude…)
Antoine Vitez, 1987

 

Muito para além do teatro
não muito longe, talvez até mesmo por debaixo das tábuas do palco,
arca que mistura aplausos com silêncios,
passa um rio onde se inscrevem palavras ditas
e depois encerradas no grande armazém do tempo

O navio-teatro que faz sempre a mesma viagem intemporal de circum-navegação
na linha do horizonte emerge sobre o espelho azul
como um templo privado para o jogo da imitação
e que lembra a ilha deserta de Caliban
onde as cartas do correio nunca hão-de chegar

O tempo que destrói é o tempo que conserva
(guardei de Eliot)
porque à volta de cada um tudo há-de ser circular
mesmo as memórias

e tudo afinal não passa de uma minúscula esfera pendular
suspensa da teia
ou do universo

José Manuel Castanheira

Carlos Avilez (n. 1937) estreou-se em 1956, na Companhia Amélia Rey-Colaço–Robles Monteiro, sob a direcção de Francisco Ribeiro (o Ribeirinho). Trabalharia no Teatro Nacional D. Maria II até 1963. Escreveu e dirigiu Triângulo Equilátero e Se Amanhã Fosse Hoje. A conselho de Amélia Rey-Colaço orienta-se para a encenação, criando espectáculos polémicos e ganhando a reputação

de enfant terrible do teatro português. Em 1965 fundou o TEC – Teatro Experimental de Cascais. Trabalhou com Peter Brook e Jerzi Grotowski. Encenou ópera. Dirigiu os dois teatros nacionais de Portugal. Fundou a Escola Profissional de Teatro de Cascais, que dirige. Foi distinguido já com várias honras e prémios de prestígio. É o artista homenageado desta edição do Festival de Almada.

 

ALMADA

ESCOLA D. ANTÓNIO DA COSTA . Átrio

De 04 a 18 JUL

das 17:00 às 24:00


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