SOB O SIGNO DA CATÁSTROFE
(Ecologia e política do nosso tempo)
ENCONTROS DA CERCA
Participantes: Frédéric Neyrat, Giovanbattista Tusa e António Guerreiro
Acatástrofe como realidade e como possibilidade marca poderosamente a situação do nosso tempo. São de vária ordem as catástrofes que nos atingem ou ensombram toda a ideia de futuro: catástrofes ecológicas, económicas, políticas e provocadas pelo terrorismo. De todas estas, as catástrofes ecológicas são aquelas que mais identificamos com as nossas visões apocalípticas e com um imaginário dos fins. Há quem assegure que estamos em plena sexta extinção em massa da história da Terra; e quem já comece a pensar que o resultado da pulsão destruidora do mundo é, afinal, um mundo sem nós, o desaparecimento da humanidade. A proliferação real e imaginária da catástrofe determinou uma resposta política que o filósofo francês Frédéric Neyrat (convidado no âmbito do Festival para um debate sobre questões de ecologia política) definiu como “biopolítica das catástrofes”, que se tornou uma forma de governação própria de uma “sociedade do risco” e do medo. Este tema suscita um conjunto de questões ecopolíticas, assim como uma incidência nas relações homem / tecnologia e natureza / cultura que fazem apelo às categorias de pós-humanismo e trans-humanismo. Estamos aqui confrontados com algumas questões centrais da nossa época.
O filósofo francês Frédéric Neyrat é professor no Departamento de Literatura Comparada da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA). Membro do conselho editorial das revistas francesas Multitudes e Lignes, é um dos autores mais importantes sobre as questões do ambiente e da ecologia, na sua dimensão política e filosófica. Entre os seus livros, contam-se os seguintes títulos: Biopolitique des catastrophes (2008), Le terrorisme, un concept piégé (2011), Homo Labyrinthus. Humanisme, antihumanaisme e posthumanisme (2015) e La part inconstructible de la Terre (2016).
O filósofo italiano Giovanbattista Tusa é actualmente Research Fellow da Fundação para a Ciência e a Tecnologia no Instituto de Filosofia da Nova de Lisboa. Foi director do Institute for Critical Media do Global Center for Advanced Studies (EUA) e professor convidado em várias instituições europeias e americanas. É também realizador de cinema documental e vídeo-artista.
É co-autor, com Alain Badiou, de De la fin. Foi responsável pela edição italiana de L’Equivalenza delle catastrofi (2016), de Jean-Luc Nancy, e de Alla ricerca del reale perduto (2016), de Alain Badiou, entre outros títulos.
Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas (Português/Francês), António Guerreiro é crítico literário e cronista do jornal Público e professor convidado na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa. Enquanto ensaísta, é autor de O Acento Agudo do Presente (2000) e de O Demónio das Imagens. Sobre Aby Warburg (2018). Editou, com Olga Pombo e António Franco Alexandre, os volumes colectivos Enciclopédia e Hipertexto (2006) e Da Civilização da Palavra à Civilização da Imagem (2013). Tem colaboração diversa em revistas especializadas e catálogos, sobretudo no âmbito da literatura portuguesa contemporânea, da Estética, da arte contemporânea e da crítica cultural. Actualmente é editor da revista Electra (Fundação EDP).
ALMADA
CASA DA CERCA
CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA
SÁB 14 |
10:30 |