VELHO SOL
EXPOSIÇÃO DE ARTES PLÁSTICAS
De Paulo Brighenti
Num poema de Emily Dickinson intitulado I died for Beauty – but was scarce, dois mortos encontram-se lado a lado e perguntam-se porque falharam. Um responde: “Eu morri pela beleza” e o outro “eu morri pela verdade”. Deram as mãos e esperaram que o musgo lhes tapasse a boca. Este poema serve de inspiração à nova série de trabalhos de Paulo Brighenti apresentada na exposição Velho Sol. Falam da condição de ser artista, de criar. De viver entre a necessidade de beleza e de verdade. Uma preocupação que vem de um pintor mas que facilmente pode ser transportada para o universo do teatro. Vive-se num limiar entre mundos, numa encenação constante, e é exatamente nessa fronteira que o pulsar criativo emerge (ou morre). Como um Velho Sol que nunca se cansa de subir ao palco, de iluminar, de se iluminar, para se escurecer de seguida, e assim até ao fim do tempo.
É também da luz que trata a obra de Brighenti. De trazer à luz o que estava escondido. Uma procura incessante por algo que está para além da superfície de uma tela, de uma folha de papel, ou de uma placa de gesso, através de um explorar dos limites não só do material, mas do próprio médium que trabalha.
Nesta exposição, apresenta uma série de desenhos que são pinturas mas também são esculturas. Placas de gesso tintado com inscrições escavadas no molde feito de barro. Molde esse que morre para que a obra possa nascer. Apresenta ainda uma grande tela que norteia a exposição, bem como um conjunto de figuras escultóricas que povoam vários espaços da Casa da Cerca.
Filipa Oliveira
Programadora para as Artes Plásticas da Câmara Municipal de Almada
Paulo Brighenti nasceu em Lisboa, em 1968. Expõe desde a década de 1990 e, em 2002, foi distinguido com o Prémio Revelação Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva. Entre as suas exposições mais recentes destacam-se Noite de Pedra (2018), na Galeria Baginski, em Lisboa; Germinal, Obras na Coleção EDP (2018), nas Galerias Municipais do Porto; Obras na Coleção da CML (2018), na Cordoaria Nacional; O que eu sou (2017), no MAAT, em Lisboa; Père (2017), no Centro Cultural Português, no Luxemburgo;
Pai (2017), na Travessa da Ermida, em Lisboa; Let the dirt fall, let heads roll (2016), na Galeria Pedro Oliveira, no Porto; Família (2016), na Galeria Baginski, em Lisboa; e Skiin (2015), na Nässjö Konsthall, na Suécia. Está representado nas colecções Museu de Serralves, MAAT, CAM / Calouste Gulbenkian, Banco de España, CGAC, Colecção António Cachola, Fundação Carmona e Costa, Colecção PLMJ, Fundação Ilídio Pinho e Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva.
ALMADA
CASA DA CERCA
CENTRO DE ARTE CONTEMPORÂNEA
De 15 JUN a 02 SET |
TER a DOM das 10:00 às 18:00Encerra às Segundas e feriados |