Parceria: Convento dos Capuchos e Casa da Cerca — Centro de Arte Contemporânea
No sussurro das árvores, onde os segredos da natureza ecoam suavemente, reside uma sabedoria ancestral que muitas vezes negligenciamos. No conjunto de obras reunidas nesta exposição, Ilda David — a autora da pintura escolhida para o cartaz desta edição do Festival — convida-nos a mergulhar nesse universo de metamorfoses e mitos, onde as fronteiras entre o humano e o natural se desfazem.
As suas pinturas ecoam as palavras de Hermann Hesse, como rumores de uma verdade que desejaríamos coletiva, e conduzem-nos por caminhos de transfigurações, de pessoas em elementos da natureza, como árvores ou flores, numa dança eterna de formas e significados. As águas (do rio Tejo?) que antecedem tais metamorfoses são como um portal para um mundo onde tudo é fluido, onde cada perda é apenas uma transição, uma mudança de forma.
As suas obras são inspiradas igualmente em Maria Gabriela Llansol — o falcão que sobrevoa e penetra o trabalho de Ilda David. Tecer falcões é tecer memórias, evocar a infância da artista, as tardes em que a sua mãe e tias bordavam juntas, tecendo histórias com agulhas e linhas. Os voos dos falcões são viagens improváveis no tempo, encontros gravitacionais entre passado e presente, entre o tangível e o efémero.
Filipa Oliveira
Ilda David nasceu em Benavente e vive em Lisboa. Frequentou o curso de Pintura da Escola Superior de Belas Artes entre 1976 e 1981. As suas exposições individuais mais recentes, de 2011 a esta parte, realizaram-se em espaços como a Galeria do Parque (Vila Nova da Barquinha, 2024); Fundação Carmona e Costa (Lisboa, 2023); Sociedade Nacional de Belas Artes (Lisboa, 2023); Giefarte (Lisboa, 2023); Museu da Guarda (2022); Centro Cultural Português – Camões (Luxemburgo, 2021); Galeria Ala da Frente (Famalicão, 2021); Igreja de São Tomás de Aquino (Lisboa, 2017); Land Art Cascais (Cascais, 2020); Museu da Cidade – Casa Guerra Junqueiro (Porto, 2020); Museu Municipal de Faro (2019); Galeria Neupergama (Torres Novas, 2017); Fundação Carmona e Costa (Lisboa, 2016); Catedral de Bragança (2015); CIAJG (Guimarães, 2014); Giefarte (Lisboa, 2014); Casa de Camilo (S. Miguel de Seide, 2014); Giefarte (Lisboa, 2012); e Capela do Rato (Lisboa, 2011). Tem desenvolvido a sua obra plástica em redor da escrita de distintos escritores, como Goethe, Mário Cesariny, Maria Gabriela Llansol, Maria Velho da Costa, Armando Silva Carvalho, Manuel António Pina, ou José Alberto Oliveira.
CAPARICA
Convento dos Capuchos
Até 14 de Setembro |
Terça a sábado, das 10:00 às 13:00 e das 14:00 às 18:00 |