EXPOSIÇÃO DOCUMENTAL

25 de Abril: Os dias, as pessoas e os símbolos

Documentação: José Pacheco Pereira e Carlos Simões Nuno
Concepção plástica: José Manuel Castanheira

Co-apresentação: Arquivo Ephemera

Esta exposição de documentos pertencentes ao Arquivo Ephemera é composta por quatro núcleos de objectos bastante diferentes entre si e com variadas origens. A mostra encontra-se organizada segundo quatro temas:
I – Os dias de Revolução: jornais, revistas e panfletos publicados e distribuídos no dia 25 de Abril e seguintes.
II – Os protagonistas: um conjunto de objectos representando alguns dos protagonistas do período revolucionário.
III – Os símbolos: objectos e fotografias com símbolos dos partidos políticos surgidos após a Revolução dos Cravos.
IV – A democratização da política: calendários e autocolantes referentes às eleições autárquicas, após a normalização da vida política.

Na manhã de 25 de Abril, houve um golpe de estado militar com sucesso. Antes de 1974, vários golpes de estado militares ocorreram em Portugal no século XX, mas apenas um com sucesso, em 28 de Maio de 1926. Deu origem à mais longa ditadura europeia, com excepção da URSS, durando mais tempo do que as suas congéneres alemãs, italianas e espanholas: 48 anos.
Depois de tantos anos de ditadura, a força de liberdade revolve tudo, também com os excessos inevitáveis, mas não podia ser de outra maneira. Só tem autoridade moral para denunciar os excessos quem combateu esse maior excesso quotidiano que durou 48 anos, mais do que uma geração de homens e mulheres que não pode ler, ver, ouvir o que queria, e muito menos dizer o que entendia, sem correr todos os riscos, da vida ao emprego, da prisão ao exílio, da tortura aos dentes dos cães da polícia.
O golpe de estado matinal de 25 de Abril tornou-se, ao meio do dia, numa revolução, quando muitos milhares de pessoas vieram para a rua, pagando com o seu sangue em frente à PIDE, o primeiro preço da revolução. Foram civis que morreram em 25 de Abril, não foram militares, porque a parte militar do dia já estava vitoriosa e porque o impulso dos acontecimentos era agora o de uma revolução. Os militares, que tinham feito o golpe que derrubara a ditadura, estavam agora acompanhados por uma maioria de portugueses que, nesses primeiros dias, vieram para a rua dando a maior legitimidade à acção dos “militares de Abril”, uma designação que não os diminui como militares, mas que lhes dá a parte decisiva que lhes cabe na revolução.

José Pacheco Pereira

ALMADA

Foyer e Galeria do Teatro Municipal Joaquim Benite

05 a 18 JUL

das 12:00 às 21:30

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