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A 38.ª edição do Festival de Almada decorre entre 2 e 25 de Julho em sete teatros de Almada e Lisboa — Teatro Municipal Joaquim Benite, Fórum Romeu Correia, Incrível Almadense, Academia Almadense, Teatro-Estúdio António Assunção, Centro Cultural de Belém e Teatro Nacional D. Maria II — apresentando um total de 21 produções divididas por 108 sessões.
No ano em que se comemoram os 50 anos da Companhia de Teatro de Almada (que estreia duas criações), a programação do Festival retoma a sua dimensão internacional, sendo de destacar a participação de criadores e intérpretes como Ivo van Hove, Josef Nadj (que dirigirá a formação O sentido dos Mestres), Jan Lauwers, Viviane De Muynck, Monica Bellucci, François Chattot ou Chico Diaz. Apresentando um conjunto de peças da dramaturgia clássica (Eurípides, Alfred de Musset) e contemporânea (Joyce, Pasolini, De Filippo, Tennessee Williams, Édouard Louis), o Festival de Almada inclui seis textos de autores portugueses e quatro estreias, num ano em que várias criações se debruçam sobre o continente africano e a problemática do pós-colonialismo.
Para além dos espectáculos, o Festival promove um conjunto de 14 conversas com os criadores presentes em Almada, um ciclo de Encontros da Cerca dedicados aos 50 anos da Companhia de Teatro de Almada, bem como uma exposição de José Manuel Castanheira sobre a Companhia. O autor do cartaz da edição deste ano é o artista plástico inglês Thomas Langley, que inaugurará uma exposição na Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea.
As Assinaturas, que dão entrada directa em todos os espectáculos, podem ser adquiridas no Teatro Municipal Joaquim Benite, nas lojas FNAC e em www.ctalmada.pt.
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CRIAÇÃO INTERNACIONAL
Omma, de Josef Nadj
Em grego antigo, omma significa “olho”, “olhar”, “aquilo que se vê”, “vista” ou mesmo “espectáculo”. O bailarino, coreógrafo e artista plástico húngaro Josef Nadj é conhecido do público do Festival por espectáculos como Les corbeaux, Paysage inconnu ou Pour Dolorès. Com esta nova criação, propõe-nos que olhemos para o que temos diante dos olhos e analisemos o que temos de mais íntimo. Com interpretação de oito bailarinos originários do Congo, Senegal, Mali, Costa do Marfim e Burkina Faso, Omma procura alcançar a essência da dança através da simplicidade, baseando-se no movimento, na voz, e na musicalidade.
Teatro Municipal Joaquim Benite | 9, 10 e 11 de Julho
Molly Bloom, de James Joyce
Em 2018 a actriz Viviane De Muynck e o encenador Jan Lauwers apresentaram no Palco Grande O quarto de Isabella. Em 2020 foi a vez de o Teatro Nacional D. Maria II acolher Guerra e terebentina. Desta vez a dupla de artistas belgas lança-se àquele que é provavelmente o último capítulo mais famoso da literatura universal: o relato de Molly Bloom no Ulisses, de James Joyce. Molly Bloom apodera-se das palavras desta personagem tornada símbolo da feminilidade para nos revelar os seus pensamentos sobre os homens, as suas memórias e a situação familiar e social em que se encontra.
Incrível Almadense | 20, 21, 22, 23, 24 e 25 de Julho
Maria Callas – Cartas e Memórias, de Tom Volf
Com este espectáculo, Monica Bellucci estreia-se no teatro com um retrato da mais consagrada voz do século XX. Revela-se a mulher por detrás da diva — da infância em Nova Iorque até aos anos em Atenas, passando pelos píncaros de uma carreira planetária marcada por escândalos e pela nefasta paixão por Onassis. “Quando se chega tão alto, deixa-se de ser livre”: a vida de Maria Callas ganhou os matizes trágicos das heroínas que cantou.
Centro Cultural de Belém | 10 e 11 de Julho
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A ESCRITA INCÓMODA DE ÉDOUARD LOUIS
Ainda sem ter atingido os 30 anos, Édouard Louis é já um caso sério da dramaturgia europeia. Os três livros que publicou (todos editados em Portugal) constituem um ataque à alegada iniquidade da elite política francesa, bem como uma denúncia da homofobia e do racismo.
Quem matou o meu pai
Os seus textos têm sido montados por vários encenadores de referência, como o é o caso do alemão Thomas Ostermeier, do suíço Milo Rau, ou do belga Ivo van Hove, que no ano passado adaptou e encenou Quem matou o meu pai para o seu Toonelgroep de Amsterdão, deixando-se fascinar “por esta história absorvente e sem papas na língua de um pai reduzido à ruína física e mental, apenas aos 50 anos de idade”.
Teatro Nacional D. Maria II | 8, 9 e 10 de Julho
História da violência
Ivica Buljan é um dos criadores cujo percurso o público do Festival acompanha há já vários anos: de Macbeth, de Shakespeare (2014), a Final do amor, de Pascal Rambert (2018), passando por Cais Oeste, de Koltès (para a CTA, em 2014) e Pílades, de Pasolini (2016). Em 2018 o encenador croata lançou-se na adaptação para palco de História da violência, que para si constitui uma “denúncia do racismo, da homofobia e dos mecanismos de dominação ocultos nas sociedades capitalistas”.
Fórum Municipal Romeu Correia | 2, 3, 4 e 5 de Julho
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DOIS TALENTOS DA CENA: CHATTOT E CHICO DIAZ
Amitié, de Irène Bonnaud
Caberá a François Chattot interpretar a figura de Eduardo De Filippo em Amitié, que a encenadora francesa Irène Bonnaud construiu a partir da história de amizade e admiração mútuas entre Pier Paolo Pasolini e o comediógrafo e actor napolitano, na busca de “um teatro de actores, sem cerimónias nem lantejoulas, num regresso à arte bruta, imediata e vital da comédia napolitana”. Estreado no Festival d’Avignon de 2019 como espectáculo itinerante, Amitié foi idealizado para salões de festas e espaços ao ar livre, levando o teatro às populações periféricas, na tradição artesanal das trupes itinerantes.
Incrível Almadense | 2, 3, 4, 6 e 7 de Julho
A lua vem da Ásia, de Walter Campos de Carvalho
A admiração do actor Chico Diaz por Walter Campos de Carvalho, ligado ao movimento surrealista brasileiro, foi o ponto de partida para A lua vem da Ásia, com encenação de Moacir Chaves e colaboração dramatúrgica de Aderbal Freire Filho. Nas carreiras no Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo o espectáculo foi unanimemente aclamado: “Uma encenação diáfana” (Estado de São Paulo); “Um triunfo de Chico Diaz, que brilha como sujeito múltiplo” (Folha de São Paulo); “O pequeno Chico vira gigante em cena” (Correio Braziliense).
Incrível Almadense | 14, 15, 16, 17 e 18 de Julho
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QUATRO ESTREIAS PORTUGUESAS
Hipólito, de Eurípides
O Festival de Almada abre com uma encenação de Rogério de Carvalho de um clássico que estava por estrear profissionalmente em Portugal. O espectáculo entra em diálogo com a criação de Fedra, de Racine, que o encenador de Almada dirigiu na Sala Principal do TMJB em 2006: Teresa Gafeira volta a interpretar o papel de Fedra e José Manuel Castanheira e Mariana Sá Nogueira assinam de novo, respectivamente, a cenografia e os figurinos desta criação.
Teatro Municipal Joaquim Benite | 2, 3 e 4 de Julho
Um gajo nunca mais é a mesma coisa, de Rodrigo Francisco
A segunda estreia da Companhia de Teatro de Almada no Festival é uma co-produção com A Companhia de Teatro do Algarve. Partindo de um conjunto de entrevistas realizadas com três ex-combatentes da Guerra Colonial Portuguesa, o texto interpela a forma como esse conflito, que durou treze anos e se desenrolou em três teatros de operações, é actualmente encarado pelos homens que combateram em África e que vão chegando à fase derradeira das suas vidas.
Teatro Municipal Joaquim Benite | 14, 15, 16, 17, 18, 21, 22, 23, 24 e 25 de Julho
Duas personagens, de Tennessee Williams
Escrita em 1973, nesta peça tardia do autor norte-americano dois irmãos são abandonados dentro de um teatro pela companhia de que fazem parte. Os fantasmas da vida íntima de ambos acabam por adquirir uma presença mais forte do que a ficção propriamente dita. As actrizes Carla Galvão e Sara de Castro adaptaram o texto de Williams e fizeram-no dialogar com o nosso passado recente, em que palavras como confinamento, solidão e família ganharam novos significados.
Teatro-Estúdio António Assunção | 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13 e 14 de Julho
Planeta dança – Capítulo 4, direcção de Sónia Baptista
Esta é a quarta fase de um ciclo para os mais pequenos dedicado à História da dança, que a Companhia Nacional de Bailado tem apresentado desde há um ano no Teatro Municipal Joaquim Benite. Desta vez aborda-se o século XIX, quando “a dança clássica visita os palcos e evolui, cada vez mais complexa, criando bailarinos inspirados nas tradições, contos e costumes vindos do Mundo inteiro”, como nos explica a coreógrafa.
Academia Almadense | 10 e 11 de Julho
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PARTICIPAÇÃO ESPANHOLA: FEMICÍDIO E HOMOFOBIA
Rebota rebota…, de Agnès Mateus e Quim Tarrida
Ao ser votado no ano passado pelo público do Festival como Espectáculo de Honra, Rebota rebota y en tu cara explota acrescentou mais uma distinção à sua lista de prémios: Prémio da Crítica 2017, Prémio “Aplauso” e Prémio Butaca. Denunciando crua e despudoradamente o flagelo da violência doméstica contra as mulheres, esta peça demonstra até que ponto esse fenómeno se encontra enraizado entre nós.
Academia Almadense | 14, 15, 16, 17 e 18 de Julho
Miguel de Molina a nu, de Félix Estaire
Miguel de Molina (1908-1993) foi perseguido pelo franquismo dada a sua homossexualidade e a sua ligação ao exército republicano durante a guerra civil espanhola. O encenador Félix Estaire convidou o actor, cantor e bailarino malaguenho Ángel Ruiz para interpretar (acompanhado ao piano por César Belda) Miguel de Molina a nu, um espectáculo em que se percorre a vida artística e privada de um dos mais destacados cantores populares espanhóis do século XX.
Academia Almadense | 21, 22, 23, 24 e 25 de Julho
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CRIAÇÃO PORTUGUESA CONTEMPORÂNEA
O canto do cisne, de Clara Andermatt
A Companhia Nacional de Bailado, presença regular nas últimas edições do Festival, traz a Almada uma coreografia que Clara Andermatt realizou em 2004 no Ballet Gulbenkian, entretanto extinto. Partindo da obra A morte do cisne, de Camille Saint-Saens, a coreógrafa convidou o compositor Vítor Rua para criar variações a partir desse tema.
Teatro Municipal Joaquim Benite | 16, 17 e 18 de Julho
Lorenzaccio, de Alfred de Musset
A criação desta peça constituiu uma estreia absoluta em Portugal — um projecto cuja direcção o Teatro do Bolhão entregou a Rogério de Carvalho, um encenador que o grupo portuense considera indelevelmente ligado à formação da sua identidade. A peça fala-nos de uma cidade — um ser coletivo feito de inúmeras vozes, uma comunidade humana que a corrupção política destrói e divide —, denunciando a inexistência de valores que consigam combater a degradação política generalizada.
Teatro Municipal Joaquim Benite | 23, 24 e 25 de Julho
Fake, de Miguel Fragata e Inês Barahona
Pela primeira no Festival, a companhia Formiga Atómica apresenta Fake, uma peça em que aborda as fake news, com um enredo verdadeiramente policial. A peça gravita em torno da figura de Norma B., uma famosa escritora de romances policiais que publicou Como assassinar o seu marido. Esse título traz-lhe notoriedade, mas, alguns anos depois, a escritora acaba por ser detida, acusada pela misteriosa morte justamente do seu marido, um famoso professor de culinária. Mesmo antes de poder pronunciar-se, é logo julgada publicamente.
Fórum Municipal Romeu Correia | 15, 16, 17 e 18 de Julho
Discurso sobre o filho da puta, de Alberto Pimenta
Alberto Pimenta (n. 1937) é uma das figuras mais singulares da cultura portuguesa da segunda metade do século XX. Exilado na Alemanha a partir da década de 60, dividiu a sua actividade entre as artes plásticas, a performance e a literatura. Discurso sobre o filho da puta foi publicado em 1977, no mesmo ano em que o artista se fechou na jaula dos chimpanzés, no Jardim Zoológico. Com seis edições portuguesas e três estrangeiras, o livro de Pimenta deu o mote para que Miguel Azguime (música) e Fernando Mora Ramos (encenação) se lançassem na dissecação do “vírus da filha-de-putice”.
Teatro-Estúdio António Assunção | 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22 e 23 de Julho
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TEATRO DOCUMENTAL
Tierras del Sud, de Laida Azkona e Txalo Tolosa-Fernández
Um espectáculo sobre a barbárie, o progresso e os homens que inventaram um país europeu do outro lado do Atlântico — nomeadamente Luciano Benetton, dono de grande parte da Patagónia. Qual a relação entre Mauricio Macri e Sylvester Stallone? E entre o jogador da NBA Emanuel Ginobili e o bandido Butch Cassidy? A resposta a estas perguntas encontra-se a milhares de quilómetros dos EUA ou da Europa. No Sul do Sul, nos limites austrais da América, na região mais despovoada da Argentina. Entre grandes lagos cristalinos e enormes picos nevados. Entre os Andes e o Atlântico: em Puelmapu, o território ancestral do povo mapuche.
Fórum Municipal Romeu Correia | 8, 9, 10 e 11 de Julho
Viagem a Portugal, de Joana Craveiro
O espectáculo estreou no Teatro Viriato, quando o Teatro do Vestido comemorou 18 anos, e pede o título emprestado a José Saramago, esboçando o retrato possível de um Portugal a várias cores, várias velocidades e várias paragens. Homenageia o Prémio Nobel da Literatura, mas também Sophia de Mello Breyner e José Mário Branco, falecido durante os ensaios da peça. Para Joana Craveiro, “esta viagem não foi pensada como um manifesto, mas como uma pergunta”.
Fórum Municipal Romeu Correia | 22, 23, 24 e 25 de Julho
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PÓS-COLONIALISMO
Aurora Negra, de Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema
A peça reúne a música, a dança, o vídeo, as artes plásticas, e um conjunto de dramaturgias construídas a partir de materiais hodiernos e ancestrais. São postos em cena rituais de passagem de Angola, Guiné-Bissau e Cabo-verde, que homenageiam as narrativas mitológicas africanas. “Os nossos ancestrais sussurram aos nossos ouvidos, e nós gritamos ao microfone as suas histórias”, dizem as ‘Auroras’, como já é conhecido este trio de criadoras e intérpretes.
Academia Almadense | 2, 3, 4 e 5 de Julho
Corpo suspenso, de Rita Neves
A partir da própria experiência enquanto filha de um ex-combatente, Rita Neves interpela o corpo do seu pai como arquivo de memória do conflito colonial português, revelando ter memórias que a acompanham desde a infância e para as quais não teve por muito tempo enquadramento. “O que ficou da Guerra Colonial no corpo do meu pai? Como poderei pensar e sentir o seu corpo enquanto arquivo?”, interroga-se.
Incrível Almadense | 9, 10, 11 e 12 de Julho
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ASSINATURAS PARA TODOS OS ESPECTÁCULOS
As Assinaturas para acesso directo a todos os espectáculos podem ser adquiridas na bilheteira do Teatro Municipal Joaquim Benite, nas lojas FNAC e em www.ctalmada.pt.
Assinatura Geral ………… 80€
Assinatura Clube de Amigos do TMJB* ………… 60€
*Com cartão válido até 25 de Julho de 2021.
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PREVISÃO ORÇAMENTAL, APOIOS E PARCERIAS
O orçamento da 38.ª edição do Festival de Almada é de 626.605€, dos quais 227.280€ (36,3%) provém da subvenção do Ministério da Cultura, 225.000€ (35,9%) da Câmara Municipal de Almada, e 174.324€ são receitas próprias da Companhia de Teatro de Almada.
Em 2021 o Festival mantém a parceria na co-apresentação de espectáculos com o Centro Cultural de Belém e com o Teatro Nacional D. Maria II, e tem o apoio da Embaixada de Espanha, da Embaixada de França e da Embaixada de Itália, bem como da Acción Cultural Española, da União de Juntas de Freguesia de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas, da União de Freguesias do Laranjeiro e Feijó, da Rádio Difusão Portuguesa, do Almada Forum e da Renault Caetano Formula.