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Aprogramação do 37.º Festival de Almada será quase exclusivamente portuguesa dadas as circunstâncias vividas os últimos meses, tendo sido mantidas apenas três produções internacionais.
O Festival decorrerá este ano de 3 a 26 de Julho. O alargamento do calendário e o aumento do número de sessões de cada espectáculo respondem à necessidade de redução de lotação das salas para metade. Não haverá espectáculos ao ar livre. As sete salas que acolherão os espectáculos, em Almada e Lisboa, terão lugares marcados, e o uso de máscara pelos espectadores será obrigatório.
O Festival abre-se à criação teatral portuguesa, que regressa aos palcos após três meses e meio de paragem.
A personalidade homenageada na edição de 2020 é o actor e encenador Rui Mendes.
FRUIÇÃO E FORMAÇÃO
A juventude, a sexualidade, a herança colonial, a gentrificação, a violência de género, a opacidade do mundo financeiro, a intolerância religiosa, o crescimento do populismo e a importância da memória literária são alguns dos temas abordados nos 17 espectáculos deste ano, entre os quais se contam três estreias.
Madalena Victorino será este ano a responsável pelo curso de formação O sentido dos Mestres, destinado a estudantes e profissionais de teatro.
O autor do cartaz desta edição é o artista plástico Pedro Proença.
Como todos os anos, haverá debates entre os criadores e o público: em 2020 serão 14 conversas, os Colóquios da Esplanada.
Programação estrangeira
Rebota, rebota y en tu cara explota, uma performance da dupla catalã Agnès Mateus e Quim Tarrida, é um libelo contra o feminicídio. Em Espanha, quando o espectáculo estreou em 2017, tinham sido assassinadas em média duas mulheres por semana nos últimos dez anos. Os criadores fazem notar que “se tivessem sido jogadores de futebol, então talvez alguém tivesse feito alguma coisa nesse espaço de tempo”. Vencedor do Prémio Sebastià Gasch 2018, o espectáculo denuncia a forma como o imaginário Walt Disney e a própria linguagem têm continuado a relegar as mulheres para uma condição subalterna.
De Espanha chega-nos também Future Lovers, pela companhia La Tristura, que traça o perfil de um grupo de rapazes e raparigas nascidos com o século XXI, para quem “Deus não existe”, e a quem é mais fácil comunicar através de telemóveis do que de viva voz. A dada altura alguém diz: “Somos novos, giros e estamos dispostos a tudo: vamos fazer a revolução!”. E ao amor? Que espaço lhe reservam nas suas vidas? Para o diário El Mundo a companhia madrilena La Tristura é “um dos grupos espanhóis com maior entendimento daquilo que é o teatro”.
Mario Pirovano, discípulo do Mestre italiano Dario Fo (Prémio Nobel da Literatura 1997), apresenta em Almada Johan Padan à descoberta das Américas: uma anti-epopeia cómica narrada a partir do ponto de vista de um fugitivo à Inquisição italiana, e que a acaba por ver-se a bordo das naus de Cristóvão Colombo. O texto estreou-se na Expo ’92 de Sevilha com assinalável escândalo: em vez de celebrar os 500 anos da descoberta do continente americano pelos europeus, o texto de Dario Fo e Franca Rame denuncia a matança e a rapina praticadas pelos conquistadores assim que desembarcaram no Novo Mundo.
Três estreias nacionais
Este ano o Festival abre com a estreia de Bruscamente no Verão passado, de Tennessee Williams, numa encenação de Carlos Avilez para o Teatro Experimental de Cascais. Celebrizada pela adaptação cinematográfica de 1959 — protagonizada por Elizabeth Taylor, Katharine Hepburn e Montgomery Clift —, esta peça é considerada uma das mais enigmáticas do dramaturgo norte-americano, constituindo uma denúncia da intolerância relativa à homossexualidade na sociedade dos anos 50.
Também a Comuna – Teatro de Pesquisa estreia uma peça no Festival: As artimanhas de Scapin, de Molière, com encenação de João Mota e tradução de Carlos Drummond de Andrade. O autor francês prestou neste texto uma homenagem à commedia dell’arte: Scapin inscreve-se na vasta galeria de criados astuciosos da literatura europeia. O papel de Scapin é um dos mais cobiçados da dramaturgia francesa, tendo já sido interpretado por actores como Jean-Louis Barrault.
A terceira estreia do Festival de Almada é d’A Companhia de Teatro do Algarve: Instruções para abolir o Natal, do canadiano Michael Mackenzie, com encenação de Isabel dos Santos. Estreada em Montreal em 2011, a peça aborda os efeitos da crise financeira de 2008 na sequência da falência do banco norte-americano Lehman Brothers, tendo sido posteriormente reescrita pelo autor para incluir os efeitos do Brexit na economia europeia.
Os dois Teatros Nacionais
O Teatro Nacional D. Maria II e o Teatro Nacional São João coincidem em Almada na 37.ª edição do Festival com duas criações dos seus directores artísticos. Tiago Rodrigues interpreta By Hearth, o monólogo em que ensina um soneto de Shakespeare a dez espectadores que se juntam a si em cena; e Nuno Cardoso apresenta-nos a sua mais recente encenação: Castro, de António Ferreira, que fez três récitas em Março aquando da estreia e que não voltou a subir à cena.
By Heart estreou em Lisboa em 2013 e desde então Tiago Rodrigues tem realizado uma digressão que o levou a mais de noventa cidades no Mundo. Ensinar um poema em cena a dez espectadores é o mote para uma viagem à vivência poética, durante a qual se alude à “importância da transmissão, do invisível contrabando de palavras e ideias que apenas guardar um texto na memória pode oferecer”. “Assim que 10 pessoas sabem um poema de cor, não há nada que a KGB, a CIA ou a Gestapo possam fazer. Esse poema vai sobreviver”, são palavras de George Steiner. O diário francês Le Figaro considerou By Heart “tão profundo, tão ambicioso e tão magnífico que saímos dele completamente comovidos”.
“Cativo é, quem de si se vence”: eis o mote que o Teatro Nacional São João escolhe para anunciar a Castro que Nuno Cardoso encena. A tragédia de António Ferreira é comummente considerada a mais bela e perfeita peça de teatro alguma vez escrita em língua portuguesa. Na sua leitura, Cardoso transporta-nos para uma tragédia amorosa “nos tempos do Tinder”, situando as personagens históricas num duplex anódino cujas divisões estão continuamente à vista do espectador.
Outras criações portuguesas
A Companhia de Teatro de Almada apresenta dois espectáculos no Festival: Mártir, de Marius von Mayenburg, encenação de Rodrigo Francisco, e Viagem de Inverno, de Elfried Jelinek, encenação de Nuno Carinhas.
Pela sua interpretação em Mártir, Ana Cris recebeu o prémio da SPA para Melhor Actriz em 2018. Vicente Wallenstein foi nomeado pela mesma entidade para o prémio de Melhor Actor. A revista Time out considerou Mártir um dos dez melhores espectáculos do ano. Nesta peça conta-se a história de Benjamim, um adolescente que certo dia se recusa a frequentar as aulas de natação porque as suas colegas usam biquíni e passa a citar o Antigo testamento para denunciar a suposta degradação moral vigente.
Para a escrita de Viagem de Inverno, Elfriede Jelinek revisitou o ciclo homónimo de Schubert sobre poemas de Wilhelm Müller. Em Viagem de Inverno a escritora aborda alguns episódios da vida austríaca, como o resgate do banco Hypo Alpe ou o rapto de Natascha Kampusch (que viveu oito anos em cativeiro), e afronta o Mundo contemporâneo: a permeabilidade entre a finança e a política e a banalização das relações afectivas, por exemplo. O espectáculo de Nuno Carinhas é protagonizado por três actrizes de três gerações diferentes: Teresa Gafeira, Ana Cris e Flávia Gusmão.
É a segunda vez que António Pires dirige no Festival de Almada uma peça de Gertrude Stein. Desta vez o Teatro do Bairro traz-nos O Mundo é redondo, uma das poucas histórias que Stein escreveu para crianças, que Luísa Costa Gomes traduziu e que constitui, segundo a escritora portuguesa, “uma excelente introdução à obra literária de Stein”. O espectáculo venceu o Prémio Autores 2019 para Melhor Peça de Teatro.
A criada Zerlina, a narrativa do austríaco Hermann Broch, com cenografia de Pedro Cabrita Reis, constituiu a “discreta, subtil, e eficaz estreia na encenação de João Botelho” (in Time out). O realizador escreveu que “não se pode fazer bom teatro sobre alguma coisa: só se pode fazer bom teatro com algumas belas coisas”. E — para além do belíssimo texto, da cenografia discreta, e da luminosidade com sentido dramatúrgico — João Botelho aponta “a comunhão com a maravilhosa Luísa Cruz” como a chave do sucesso deste projecto. A interpretação da actriz neste espectáculo valeu-lhe um Globo de Ouro, e Luísa Cruz dedicou o prémio “àqueles que não têm voz: homens e mulheres”.
Bohumil Hrabal afirmou uma vez ter vindo ao Mundo apenas para escrever Uma solidão demasiado ruidosa — e o actor António Simão, dos Artistas Unidos, parece não conseguir desligar-se do monólogo que extraiu do texto do autor checo. Simão estreou esta peça em 1997 e tem vindo a representá-la, numa digressão de mais de vinte anos. Hrabal baseou-se na sua própria experiência enquanto ‘carrasco livreiro’ construindo uma parábola sobre a censura que os regimes totalitários do século XX exerceram na República Checa. Uma solidão demasiado ruidosa é também uma declaração de amor à Literatura: como exaltação e como salvação.
Nas suas Entrevistas com Salazar, António Ferro escreveu que sugerira ao ditador português que: “O povo gosta que procurem diverti-lo e acarinhá-lo”. Ao que Salazar terá respondido: “Tem toda a razão; convenceremos assim o povo de que pensamos nele”. A grande emissão do mundo português, pelo Teatrão, aborda o papel que a Emissora Nacional teve na difusão da ideologia do Estado Novo. Ao debruçar-se sobre este período, o grupo de Coimbra procura confrontar-se com o presente, reflectindo sobre as novas vagas populistas e a influência dos meios de comunicação de massa na propagação de ideias que apontam a ditadura como a solução inevitável para os males sociais.
A nova dramaturgia portuguesa
Tiago Correia (n. 1987) é autor de quase uma dezena de peças, tendo vencido por duas vezes o Grande Prémio de Teatro Português da SPA, com os textos Pela água (2016) e Alma (2018). Turismo, uma estreia de A Turma no início deste ano, aborda o problema da gentrificação, bem como os efeitos da pressão turística a que têm estado sujeitas as principais cidades portuguesas. Neste caso específico, fala-se do Porto.
Raquel Castro (n. 1981) escreveu Turma de 95 a partir de uma ideia original da companhia inglesa Third Angel (Class of 76). Estreado no final do ano passado, o espectáculo da Companhia Barba Azul está nomeado para o Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores nas categorias de Melhor Texto e Melhor Espectáculo de Teatro. Partindo da sua experiência enquanto aluna do colégio Salesianos de Lisboa, Raquel Castro traça o perfil de uma geração e vai à procura dos destinos dos seus antigos colegas da turma de 95. O que é feito desses miúdos?
André Murraças (n. 1976) é um dramaturgo e performer ligado ao activismo LGBT: é autor do Queerquivo e da webserie Barba rija. As suas peças estão editadas na Cotovia, tendo vencido por três vezes o prémio Teatro da Década. Em O criado aborda uma novela de Robin Maugham (The servant), bem como a adaptação cinematográfica que Joseph Losey e Harold Pinter realizaram desse texto, centrando-se na figura de Dirk Bogarde: o actor que interpreta a misteriosa personagem que dá o nome ao filme, e que foi o primeiro actor do cinema inglês a dizer “I Love you” a outro homem. Murraças utiliza o vídeo e a manipulação de objectos para cruzar três universos — a novela, o filme, a vida de Bogarde.
HOMENAGEM 2020
Rui Mendes (n. 1937) é o homenageado deste ano do Festival de Almada. Um dos mais destacados actores portugueses, com um percurso que abarca o teatro, a televisão e o cinema. Da sua longa e profícua carreira constam mais de uma centena de espectáculos, tendo integrado elencos no Teatro Monumental, no Teatro ABC, no Teatro Nacional Popular, no Teatro da Malaposta e no Novo Grupo, de que foi co-fundador. Encenou no Teatro da Cornucópia e no Teatro Nacional D. Maria II, entre outras salas. Durante o período do Festival estará patente no foyer do Teatro Municipal Joaquim Benite uma exposição de homenagem a Rui Mendes intitulada O actor que queria ser sinaleiro, da autoria de José Manuel Castanheira.
ACTOS COMPLEMENTARES
Pensamento, debate, exposições
Uma programação extra-espectáculos oferece um conjunto diversificado de acontecimentos que dialogam com o que se passa nos palcos.
No dia 20 de Julho, às 18h00, na Esplanada da Escola D. António da Costa, é lançado o 6.º volume da colecção O sentido dos Mestres, da autoria de Hajo Schüler, intitulado O que pode ser visto. O volume é resultado da formação realizada no ano passado pelo encenador e actor alemão, membro do colectivo Familie Flöz, e terá apresentação de Catarina Santana.
O sentido dos Mestres, na sua 7ª edição, estará a cargo de Madalena Victorino, durante os dias 20, 21, 22, 23 e 24 de Julho.
Como é habitual, na Esplanada da Escola D. António da Costa haverá os colóquios com os artistas participantes no Festival (realizados em parceria com a Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.
As exposições marcam também a agenda do Festival de Almada: O actor que queria ser sinaleiro sobre a figura homenageada este ano e, O sonho de J. uma instalação de José Manuel Castanheira.
OUTRAS INFORMAÇÕES
Parcerias
Em 2020 o Centro Cultural de Belém é a única sala de Lisboa que mantém a parceria com o Festival de Almada.
As salas de Almada
Em Almada haverá espectáculos e outros acontecimentos no Teatro Municipal Joaquim Benite, no Fórum Romeu Correia, na Incrível Almadense, na Academia Almadense, no Teatro-Estúdio António Assunção e na Escola Dom António da Costa.
Previsão orçamental
O orçamento da 37.ª edição do Festival de Almada é de 378.633€.
A despesa será previsivelmente sustentada pelo financiamanto público (Ministério da Cultura/Direcção-Geral das Artes na ordem dos 32%, Câmara Municipal de Almada 60%) e receitas próprias de 8%.
É de assinalar a inevitável quebra acentuada de receitas próprias da CTA para a realização do Festival (no ano passado essas receitas atingiram os 33%). A redução de receitas próprias fica a dever-se a:
a) Diminuição das receitas de bilheteira, dado o menor número de espectáculos apresentados,
e a redução de bilhetes postos à venda;
b) Diminuição para um terço do número de Assinaturas disponíveis, dada a redução
da lotação das salas;
c) Quebra dos apoios por parte de vários institutos de cultura estrangeiros, dada a
não-apresentação dos espectáculos previstos;
d) Redução do número de teatros parceiros em Lisboa, e respectiva quebra das participações
financeiras em co-apresentações;
e) Redução das receitas relacionadas com a venda de merchandising, e com o Bar e
o Restaurante do Festival na Escola D. António da Costa.
A 37.ª edição do Festival de Almada tem ainda o apoio das seguintes instituições:
‒ Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa
‒ Share Foundation
‒ Instituto Italiano de Cultura de Lisboa
‒ Embaixada de Espanha em Lisboa
‒ União das Freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas
‒ Junta de Freguesia de Laranjeiro / Feijó
‒ Turismo de Lisboa
‒ RDP África, Antena 1 e Antena 2
‒ Renault
Assinaturas
Em 2020 as Assinaturas do Festival têm uma redução substancial no preço. Em vez dos 75€ do ano passado, a assinatura terá um custo de 50€.
A Assinatura do Festival de Almada é um passe que dá acesso a todos os espectáculos em Almada, numa das sessões programadas. No Centro Cultural de Belém o acesso dos assinantes está condicionado à lotação da sala.
As Assinaturas encontram-se à venda no Teatro Municipal Joaquim Benite, nas lojas FNAC e em www.ctalmada.pt.
Assinatura Geral 50€
Assinatura para os membros do Clube de Amigos do TMJB 40€
Para mais informações:
Miguel Martins
Comunicação
+351 21 273 93 60 | +351 91 540 70 94
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